Tuesday, October 28, 2008

Resumo da apresentação do dia 10/11/2008

Como os insetos escolhem suas plantas hospedeiras?

Por Iara Bravo, professora do Instituto de Biologia da UFBa.

Os insetos compreendem 75% das espécies de animais descritas e apresentam uma incrível diversidade de estilos de vida. Dentre os insetos, 45% das espécies se alimentam de plantas (fitófagos), o que os torna, atualmente, nossos maiores competidores por alimento. Dessa forma, as suas escolhas nos afetam diretamente; daí a importância de conhecê-las.

Insetos e plantas compartilham associações antigas que datam do Carbonífero (cerca de 300 milhões de anos atrás). Para os insetos fitófagos, além de fonte de alimento, uma planta hospedeira pode servir também como sítio para acasalamentos e abrigo. Para as plantas, a ação dos fitófagos, geralmente, tem efeitos negativos, prejudicando seu desenvolvimento. Mas, pode também ter efeitos positivos, como a dispersão de sementes quando os frutos caem, pela alimentação de insetos frugívoros, ou o estímulo de brotamento em algumas plantas, produzido pelo consumo de folhas. Para os insetos, a fitofagia representa um desafio, porque eles devem localizar as plantas que lhes servirão em meio a uma variedade de outras, devem enfrentar suas limitações nutricionais (plantas são mais pobres em proteínas que alimentos de origem animal), suas defesas físicas (espinhos e pêlos) e químicas (substâncias que podem envenená-los) e ainda arriscarem-se à predação enquanto se alimentam. 

O encontro e a seleção da planta hospedeira pelos insetos fitófagos, tanto para a alimentação como para a oviposição, envolvem geralmente comportamentos estereotipados. O desencadeamento desses comportamentos acontece mediante um amplo conjunto de sinais físicos e químicos relacionados com as plantas hospedeiras potenciais. Além disso, a presença de competidores e/ou predadores pode alterar a escolha do inseto.

Neste encontro, vou tratar de algumas questões sobre como diferentes tipos de insetos escolhem suas plantas hospedeiras. Por exemplo, insetos especialistas (alimentam-se de uma ou poucas espécies de plantas) usam os mesmos mecanismos que os generalistas (alimentam-se de várias espécies) para o encontro e escolha de suas plantas hospedeiras? Que fatores determinam a amplitude do “cardápio” de um inseto?  Como fêmeas adultas de insetos com metamorfose completa (ovo® larva® pupa® adulto) que se alimentam de recursos diferentes dos das larvas e só têm contato com a planta hospedeira no momento da oviposição, escolhem a planta hospedeira adequada para a prole? Os insetos são capazes de aprender a reconhecer determinadas características das plantas e modificar seu comportamento de escolha em função disso? 

Esses aspectos, além de outros, têm grande importância para a compreensão das relações ecológicas e evolutivas entre insetos e plantas. Do ponto de vista prático, tais estudos são especialmente importantes em insetos considerados pragas agrícolas, sendo úteis para o conhecimento de como pode ocorrer a distribuição dos insetos nas plantas hospedeiras, bem como de como pode se dar a escolha ou mudança de hospedeiros, auxiliando no controle e manejo de tais populações.


Leitura recomendada

 EDWARDS, P. J. & WRATTEN, S. D. 1981. Ecologia das interações entre insetos e plantas. Coleção Temas de Biologia. Editora Pedagógica Universitária, São Paulo.  71 pp. 

Gullan, P. J. & cranston, P. S. 2007. Os Insetos: um resumo de entomologia. Editora Roca LTDA, São Paulo. 440pp. 

Panizzi A.R. & Parra R. P. 1991. Ecologia nutricional de insetos e suas implicações no manejo de pragas. Editora Manole LTDA, São Paulo 359 pp.

Próximo Evento 10 de novembro de 2008 – 18h30min

Como os insetos escolhem suas plantas hospedeiras?

por Iara Bravo (IB-UFBA)


Café Científico na Mídia 8 - Clipping A TARDE




Friday, October 03, 2008

Resumo Evento - 13 de outubro de 2008 - 18h:30min

O que (não) é a matemática?

por Thierry Petit Lobão (Instituto de Matemática da UFBa)

Há aqueles que gostam de Matemática, outros... nem tanto; há os que a conhecem mais, e há também os que se restringem ao que aprenderam nos anos de escola... Todavia creio que todos concordam se afirmarmos que a Matemática, independentemente de tempo e lugar, perpassa tudo o que fazemos ou pensamos. E creio também que muitos já se perguntaram: mas afinal, que é Matemática?

Evidentemente esta questão envolve várias outras! Pois ela abarca interrogações do tipo: Quando surgiu a Matemática? Onde? Ela é realmente necessária para entendermos o mundo? Esta última relaciona-se certamente a outras como: Ela está correta? Já sabemos tudo sobre Matemática ou ainda há algo por aprendermos? O que nos leva à dúvida de muitos alunos: Temos mesmo que estudar Matemática, para que? Há questões profundas como: A Matemática é uma ciência? Ela é inventada ou descoberta? E outras que são apenas curiosidades, mas interessantes como: Por que não há um prêmio Nobel para a Matemática? Para fazer-se Matemática é necessário ser jovem? Ou um gênio? Um matemático tem que ser criativo ou basta fazer raciocínios rápidos? Ganha-se dinheiro fazendo Matemática?

Neste nosso encontro, discutiremos a Matemática, mas não daremos uma resposta definitiva a qualquer destas questões (exceto talvez aquela sobre se devemos estudar Matemática!); pois acreditem: muitos tentaram (bem mais capazes que eu!) e obtiveram respostas que se revelaram incompletas ou totalmente equivocadas! Mas certamente suas propostas podem nos ajudar a revelar algo do fascinante mundo da Matemática! Recordando algumas destas, tentarei mostrar-lhes que a Matemática surgiu muito, muito tempo atrás, e em todos os cantos do mundo! E que este, o mundo, parece que se revela pela Matemática. Que a Matemática é sim uma ciência e que, em certo sentido, está correta; sendo talvez a única ciência que pode gabar-se disto! Mas que também tem algo de arte; pois, diferentemente do que muitos pensam, nela há de fato uma imensa liberdade para a criação, sem a qual ela absolutamente não evolui. Realiza-se assim um raro e surpreendente casamento entre a verdade e a beleza, tão caras à ciência e à arte. Ademais que todo o conhecimento que temos da Matemática, embora em constante e acelerado desenvolvimento, é infinitamente menor do que aquilo que ainda podemos saber. Que a Matemática não é misteriosa nem impenetrável, e que um matemático não tem idade apropriada nem necessita de dons especiais; tem apenas que gostar de saber sempre mais, e entender que, de alguma forma que ainda não compreendemos, a Matemática está presente em todos os aspectos mundo; que basta aventurar-se neste caminho, e ele é realmente fascinante!


Algumas sugestões para leitura:

O que é Matemática? Richard Courant e Herbert Robbins – Ed. Ciência Moderna.
Introdução à História da Matemática. Howard Eves – Ed. Unicamp.
Uma História da Matemática. Florian Cajori – Ed. Ciência Moderna.
A Rainha das Ciências. Gilberto G. Garbi – Ed. Livraria da Física.
Filosofia da Matemática. Stephen F. Barker – Ed Zahar.
Uma Introdução à Filosofia da Matemática. Stephan Körner – Ed. Zahar.
A Matemática para todos. Carloman Carlos Borges – Ed. UEFS.
Próximo Evento - 13 de outubro de 2008 - 18h:30min

O que (não) é a matemática?

por Thierry Petit Lobão (Instituto de Matemática da UFBa)