Thursday, February 28, 2008

Café Científico Salvador nos Anos Darwin

Como a seleção natural atuou na evolução humana

Amanhã (29) será uma data especial para o Café Científico Salvador. O professor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), Diogo Meyer, virá à Bahia para falar como a seleção natural atuou na evolução humana. O tema do Café, em data extraordinária, faz parte de uma série de eventos comemorativos dos 150 anos da primeira divulgação da teoria da seleção natural, de Charles Darwin e Alfred Wallace.

Os eventos, como este e outros Cafés especiais que acontecerão ainda este ano, são uma homenagem aos Anos Darwin, 2008 e 2009. Neste último, serão festejados 200 anos do nascimento desse estudioso que marcou a história da ciência moderna e os rumos da ciência contemporânea. Além disso, será quando se completa 150 anos da publicação do trabalho mais célebre de Darwin, A Origem das Espécies.
Em todas as atividades, a passagem de Charles Darwin no Brasil, e especialmente na Bahia (1832), será lembrada e discutida. Charbel El-Hani, coordenador do Café Científico e organizador dos Anos Darwin no Estado, disse que o Brasil teve um papel importante na vida do naturalista e para o chamado processo de "conversão" para o evolucionismo.

Darwin aportou em Salvador em 28 de fevereiro de 1832, onde ficou até 18 de março do mesmo ano. "Foi nas cercanias desta cidade que ele vivenciou pela primeira vez a experiência de caminhar pelo interior de uma floresta tropical, como ele descreve com cores vívidas e emocionadas no diário escrito ao longo da viagem do Beagle", conta El-Hani. Ele também afirma que o estudioso começou a coletar dados geológicos que lhe sugeriram que a profundidade do mar havia de fato variado ao longo do tempo. "É surpreendente como, diante deste rico legado, a passagem de Darwin pelo Brasil está pouco presente no ensino de Biologia em nosso país", criticou.

Fazendo dos anos de 2008 e 2009 uma oportunidade de realizar atividades de popularização e difusão da ciência que estejam voltados para estes episódios históricos, é que a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) e o Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências (UFBA/UEFS) se uniram para promover uma série de conferências, encontros, simpósios e atividades no contexto da educação básica e vinculadas ao turismo no Estado da Bahia, visando à celebração dos anos Darwin.

Veja a seguir um pouco do que será apresentado no Café Científico de amanhã (29):

Por Diogo Meyer

Em nossa espécie há diferenças entre indivíduos. Alguns de nós somos altos, outros são baixos; alguns têm pele escura, outros têm pele clara; alguns adoecem facilmente, outros são mais resistentes; alguns digerem leite com facilidade, outros ficam com dor de barriga após beber leite. Vemos também que essas diferenças têm alguma relação com o local de onde vêm as pessoas: africanos em geral têm pele mais escura do que europeus; o sistema imunológico de ameríndios é diferente daquele de africanos; asiáticos têm mais dificuldade para digerir o leite.

O que está por trás dessas diferenças? A seleção natural atuou sobre os humanos, mudando as populações? A nossa espécie ainda hoje está sob seleção natural? As diferenças entre nós e o chimpanzé, nosso parente não-humano mais próximo, resultam da ação da seleção natural? Nas últimas décadas avançamos muito no desafio de responder a essas perguntas.

Esses avanços se deram através de estudos genéticos, que compararam indivíduos de diferentes regiões do mundo. Além disso, foram feitos estudos que buscaram compreender de que modo diferenças genéticas explicam diferenças na aparência e saúde das pessoas. Juntando todas essas informações com nosso conhecimento sobre a evolução, podemos propor hipóteses sobre como a seleção natural atuou na nossa espécie.

Serviço

O quê: Café Científico Anos Darwin – Como a seleção natural atuou na evolução humana – com o professor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), Diogo Meyer.

Quando: amanhã (29), a partir das 18 horas

Onde: Livraria Multicampi LDM, Piedade.

Tuesday, February 05, 2008

Café Científico Especial – Ano Darwin
29 de Fevereiro de 2008 (sexta-feira) – 18:00

Como a seleção natural atuou na evolução humana.

por Diogo Meyer do Instituto de Biociências da USP.

O Café Científico acontece a partir das 18 horas, na sede da Livraria Multicampi LDM, Piedade, Centro. A participação no Café é inteiramente gratuita.
Resumo da apresentação do dia 12/02/2008

O Darwinismo chega à Bahia: o caso Domingos Guedes Cabral.

por Ronnie Tavares de Almeida do Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBa.

Quando olhamos para a História da Bahia Imperial, mesmo o observador mais desatento terá grandes possibilidades de se deparar com o nome de uma personalidade baiana que teima em aparecer nas discussões, Domingos Guedes Cabral. Principalmente, porque temos dois homens (pai e filho) que, além de compartilharem o mesmo nome, possuíam as mesmas qualidades combativas: lutaram contra a forma de governo estabelecida, contra a presença da Igreja Católica em assuntos alheios à fé, contra o regime escravocrata, contra o suposto “atraso” em que o país estava mergulhado, contra o tipo de educação disponível no país etc. As batalhas eram diversas e precisavam ser travadas em muitos campos. Esses dois homens estavam dispostos a lutar, algumas vezes com pouco apoio social, pelas idéias que acreditavam. Pretendiam colaborar com a implementação de algumas das mudanças que julgavam indispensáveis para que o Brasil ingressasse no mundo civilizado (leia-se Europeu!!).
Falaremos do segundo Guedes Cabral, médico pela Faculdade de Medicina da Bahia em 1875. Esse personagem protagonizou um dos eventos mais curiosos do mundo acadêmico baiano, teve sua tese de doutoramento recusada pela Faculdade de Medicina, único exemplo que conhecemos durante o período. Pretendemos apresentar um pouco da história de vida desse ator social e problematizar os motivos da recusa de sua tese. Duas explicações normalmente acompanham esse evento da recusa, as duas centradas nas idéias presentes na tese. Para alguns historiadores, o problema ocorreu porque o autor defendeu idéias materialistas, principalmente aquelas oriundas das teorias de Charles Darwin, em um momento em que isso ainda não seria possível no meio acadêmico local; para outros, o problema estava circunscrito à tentativa de Guedes Cabral de buscar provas de que Deus não existia, o que teria despertado a ira da Igreja Católica. Aceitamos em parte essas duas explicações e acrescentaremos outras, conforme poderá ser observado ao longo da apresentação.

Leituras Recomendadas:

ALMEIDA, Ronnie Jorge T. Religião, Ciência, Darwinismo e Materialismo na Bahia Imperial: Domingos Guedes Cabral e a Recusa da Tese Inaugural “Funcções do Cerebro” (1875). Dissertação apresentada ao Mestrado de Ensino, Filosofia e História das Ciências, UFBA/UEFS, Bahia, 2005. Disponível em http://www.fis.ufba.br/dfg/pice/.

Almeida, R. J. T. & El-Hani, C. N. (2007). A Medicina como “Philosophia Social”: Domingos Guedes Cabral e a Tese Inaugural “Funcções do Cérebro” (1875). Revista da SBHC (Brasil) 5(1): 6-33. Disponível em http://www.mast.br/arquivos_sbhc/321.pdf.

BLAKE, Augusto V. Alves Sacramento. Diccionario Bibliographico Brazileiro V.2 Rio de Janeiro : Imprensa Nacional, 1893.

CABRAL, Domingos Guedes. Funcções do Cérebro. Bahia: Imprensa Nacional, 1876, 226p.

COLLICHIO, Terezinha Alves Ferreira. Miranda Azevedo e o Darwinismo no Brasil. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia (ed. da USP), 1988, 166p.
ROMERO, Sylvio. Obra Filosófica, Coleção Documentos Brasileiros. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editôra. (Editora da USP), 1969.

Próximo Evento 12/02/2008 – Terça-Feira - 18 horas

Em comemoração ao dia Darwin, o café científico acontecerá excepcionalmente na terça-feira com o tema:


O Darwinismo chega à Bahia: o caso Domingos Guedes Cabral.

por Ronnie Tavares de Almeida do Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBa.