Café Científico Salvador discute blogs de ciências e seu papel na divulgação científica, como vistos por um autor de blog de ciências e pesquisador da UFRJ
Café Científico Salvador - 21/09/2012 - 18:00
Local: (Excepcionalmente) Sala 2, Instituto de Biologia/UFBA, Campus de Ondina
O Instituto de Biologia fica entre a Biblioteca Central da UFBA e o PAF-1
Blogs de Ciência e Divulgação Científica na Internet
Mauro de Freitas Rebelo (Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, UFRJ)
Café Científico Salvador - 21/09/2012 - 18:00
Local: (Excepcionalmente) Sala 2, Instituto de Biologia/UFBA, Campus de Ondina
O Instituto de Biologia fica entre a Biblioteca Central da UFBA e o PAF-1
Blogs de Ciência e Divulgação Científica na Internet
Mauro de Freitas Rebelo (Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, UFRJ)
O mundo hoje é melhor do que era
há 5000, 500, 50, 5 anos atrás. Por causa da ciência. Ainda assim, o que
observamos nesse começo de século é uma sociedade cada vez mais distante da
ciência. Por quê?!
Parte da culpa é dos cientistas.
Eles nunca se esforçaram muito para traduzir seus achados para a população,
apesar de a população pagar pela produção desse conhecimento científico. Mas
também o processo educacional, focalizado em um modelo de escola e professor
com capacidade de alcance que não conseguiu instruir a população crescente. A
consequência dessa deficiência no ensino é que, de certa forma, os cientistas
modernos, apesar de todos os nossos meios de comunicação, estão mais isolados
do que os cientistas estavam no renascimento. Isso porque a sociedade, em
geral, hoje em dia é tão incapaz de entender o que os cientistas fazem como era
há 500 anos.
E assim criamos um paradoxo: as
pessoas nunca usaram tanto a ciência (e a tecnologia), nunca foram tão
dependentes da ciência e, ao mesmo tempo, nunca estiveram tão distantes dela. A
ciência não pode nos dar tudo de que precisamos para viver bem. Mas se
quisermos dar à população tudo o que a ciência tiver a oferecer para que eles
possam viver melhor, vamos ter que encontrar uma forma melhor de nos
comunicarmos com eles.
Essa é uma tarefa de todos, mas
principalmente do cientista, porque apenas ele pode traduzir o conhecimento
complexo que está sendo produzido dentro dos laboratórios para a população
leiga. Se fizermos isso, mais do que cumprir o nosso papel e a nossa
responsabilidade social, estaremos capitaneando uma revolução na educação.
Qualquer um que detenha um conhecimento e que tenha acesso a um computador e a
internet, pode se tornar um professor para um número incalculável de pessoas,
que, por quererem conhecimento e terem acesso a um computador (ou tablet, ou celular,
ou TV) conectado a internet, se tornam alunos.
E o momento é esse! A última
pesquisa de opinião encomendada pelo MCT em 2010 mostra que 65% da população
brasileira tem interesse pela ciência (mais que pela política, mas ainda menos
que pelo esporte) e que a internet já é a principal fonte de acesso a notícias
para jovens e adultos até 30 anos. Só que um alto percentual (40%) da população
que não se interessa por ciência explica que simplesmente não consegue entender
do que se trata. Não podemos permitir que a compreensão desses fenômenos e dos
avanços tecnológicos e sociais permitidos por eles fique restrita a uma parcela
da população só por serem difíceis, pouco intuitivos ou por estarem além da
nossa compreensão. Isso seria condenar a maioria das pessoas a viver à margem
da sociedade, da história e do futuro. Condená-los a viver à margem do seu
próprio potencial é colocar nas mãos de outrem o poder de tomar decisões
importantes para a sua vida e dos seus.
Os cientistas precisa tomar a
iniciativa de um movimento para formar 'autores' e incluir científica, digital
e socialmente a população.
Leia a versão completa desse
texto no blog “Você que é biólogo...” em
http://scienceblogs.com.br/vqeb/2012/09/aproximar_cientistas_sociedade/