Thursday, September 06, 2012

Café Científico Salvador discute blogs de ciências e seu papel na divulgação científica, como vistos por um autor de blog de ciências e pesquisador da UFRJ

Café Científico Salvador - 21/09/2012 - 18:00

Local: (Excepcionalmente) Sala 2, Instituto de Biologia/UFBA, Campus de Ondina

O Instituto de Biologia fica entre a Biblioteca Central da UFBA e o PAF-1

Blogs de Ciência e Divulgação Científica na Internet

Mauro de Freitas Rebelo (Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, UFRJ)


O mundo hoje é melhor do que era há 5000, 500, 50, 5 anos atrás. Por causa da ciência. Ainda assim, o que observamos nesse começo de século é uma sociedade cada vez mais distante da ciência. Por quê?!

Parte da culpa é dos cientistas. Eles nunca se esforçaram muito para traduzir seus achados para a população, apesar de a população pagar pela produção desse conhecimento científico. Mas também o processo educacional, focalizado em um modelo de escola e professor com capacidade de alcance que não conseguiu instruir a população crescente. A consequência dessa deficiência no ensino é que, de certa forma, os cientistas modernos, apesar de todos os nossos meios de comunicação, estão mais isolados do que os cientistas estavam no renascimento. Isso porque a sociedade, em geral, hoje em dia é tão incapaz de entender o que os cientistas fazem como era há 500 anos.

E assim criamos um paradoxo: as pessoas nunca usaram tanto a ciência (e a tecnologia), nunca foram tão dependentes da ciência e, ao mesmo tempo, nunca estiveram tão distantes dela. A ciência não pode nos dar tudo de que precisamos para viver bem. Mas se quisermos dar à população tudo o que a ciência tiver a oferecer para que eles possam viver melhor, vamos ter que encontrar uma forma melhor de nos comunicarmos com eles.

Essa é uma tarefa de todos, mas principalmente do cientista, porque apenas ele pode traduzir o conhecimento complexo que está sendo produzido dentro dos laboratórios para a população leiga. Se fizermos isso, mais do que cumprir o nosso papel e a nossa responsabilidade social, estaremos capitaneando uma revolução na educação. Qualquer um que detenha um conhecimento e que tenha acesso a um computador e a internet, pode se tornar um professor para um número incalculável de pessoas, que, por quererem conhecimento e terem acesso a um computador (ou tablet, ou celular, ou TV) conectado a internet, se tornam alunos. 

E o momento é esse! A última pesquisa de opinião encomendada pelo MCT em 2010 mostra que 65% da população brasileira tem interesse pela ciência (mais que pela política, mas ainda menos que pelo esporte) e que a internet já é a principal fonte de acesso a notícias para jovens e adultos até 30 anos. Só que um alto percentual (40%) da população que não se interessa por ciência explica que simplesmente não consegue entender do que se trata. Não podemos permitir que a compreensão desses fenômenos e dos avanços tecnológicos e sociais permitidos por eles fique restrita a uma parcela da população só por serem difíceis, pouco intuitivos ou por estarem além da nossa compreensão. Isso seria condenar a maioria das pessoas a viver à margem da sociedade, da história e do futuro. Condená-los a viver à margem do seu próprio potencial é colocar nas mãos de outrem o poder de tomar decisões importantes para a sua vida e dos seus.

Os cientistas precisa tomar a iniciativa de um movimento para formar 'autores' e incluir científica, digital e socialmente a população.

Leia a versão completa desse texto no blog “Você que é biólogo...” em http://scienceblogs.com.br/vqeb/2012/09/aproximar_cientistas_sociedade/