Resumo da apresentação do dia 08/01
“Projeto Universidade Nova: Reinventando a Universidade. “
por Naomar Monteiro de Almeida Filho
Reitor da Universidade Federal da Bahia
A proposta da Universidade Nova compreende uma reestruturação curricular radical dos programas de formação universitária que vem ganhando adeptos em todo o país. A principal alteração prevista é a implantação de Bacharelados Interdisciplinares (BI), cursos de pré-graduação que serão requisitos para a graduação de carreiras profissionais e para a formação acadêmica de pós-graduação. O BI deve durar três anos, abrangendo grandes áreas do conhecimento: Artes & Humanidades, Ciências & Tecnologias. Seu currículo será predominantemente optativo, com três componentes: cursos-tronco, formação geral, formação específica. Os módulos gerais poderão incluir filosofia (lógica, ética e estética), história, antropologia, literatura e estudos clássicos, pensamento matemático, princípios e uso de informática, política e cidadania, ecologia, além de uso instrumental da língua brasileira e língua estrangeira moderna. Os módulos específicos serão optativos e oferecidos aos que concluíram a formação geral e pretendem antecipar cursos básicos das carreiras profissionais. Como a prioridade de matrícula será concedida por rendimento, haverá permanente estímulo ao bom desempenho dos alunos que pretendem usar o BI como via de entrada à formação profissional ou à pós-graduação acadêmica. O diploma do BI dará ao egresso maior flexibilidade no acesso ao mercado de trabalho. Haverá opções de prosseguimento para formação profissional, se o aluno for aprovado em processos seletivos específicos, em licenciaturas e carreiras específicas, e ingresso diretamente no Mestrado, e daí ao Doutorado, caso pretenda tornar-se professor ou pesquisador.
“Projeto Universidade Nova: Reinventando a Universidade. “
por Naomar Monteiro de Almeida Filho
Reitor da Universidade Federal da Bahia
A proposta da Universidade Nova compreende uma reestruturação curricular radical dos programas de formação universitária que vem ganhando adeptos em todo o país. A principal alteração prevista é a implantação de Bacharelados Interdisciplinares (BI), cursos de pré-graduação que serão requisitos para a graduação de carreiras profissionais e para a formação acadêmica de pós-graduação. O BI deve durar três anos, abrangendo grandes áreas do conhecimento: Artes & Humanidades, Ciências & Tecnologias. Seu currículo será predominantemente optativo, com três componentes: cursos-tronco, formação geral, formação específica. Os módulos gerais poderão incluir filosofia (lógica, ética e estética), história, antropologia, literatura e estudos clássicos, pensamento matemático, princípios e uso de informática, política e cidadania, ecologia, além de uso instrumental da língua brasileira e língua estrangeira moderna. Os módulos específicos serão optativos e oferecidos aos que concluíram a formação geral e pretendem antecipar cursos básicos das carreiras profissionais. Como a prioridade de matrícula será concedida por rendimento, haverá permanente estímulo ao bom desempenho dos alunos que pretendem usar o BI como via de entrada à formação profissional ou à pós-graduação acadêmica. O diploma do BI dará ao egresso maior flexibilidade no acesso ao mercado de trabalho. Haverá opções de prosseguimento para formação profissional, se o aluno for aprovado em processos seletivos específicos, em licenciaturas e carreiras específicas, e ingresso diretamente no Mestrado, e daí ao Doutorado, caso pretenda tornar-se professor ou pesquisador.
A estrutura curricular da Universidade Nova permitirá a captação de estudantes vocacionados para certas áreas de formação (como, por exemplo, as artes e as ciências com forte componente lógico) por meio de iniciativas de esclarecimento, sedução e recrutamento. Docentes, pesquisadores e atuantes (no sentido latouriano) de cada área de conhecimento e setor de inserção profissional terão maiores chances de lançar suas redes e suas iscas, ainda no momento interdisciplinar do BI, para pescar os latentes talentos desconhecidos. Assim, aptidões ocultas poderão ser reveladas a tempo de direcionar de modo adequado as carreiras profissionais, científicas e artísticas dos estudantes universitários.
A Universidade Nova inspira-se fortemente na obra de Anísio Teixeira. Anísio analisou com lucidez o que Boaventura Santos depois veio a chamar de crise de identidade da instituição universitária, considerando os dilemas cruciais da Universidade ao longo da sua história. Anísio foi também premonitório na detecção dos problemas estruturais da universidade brasileira que levaram ao processo de expansão desenfreada ocorrida nos anos 1990. Por uma dessas ironias históricas, entre tantas perseguições que sofreu por parte de setores políticos conservadores, foi por causa de projetos de reforma universitária que seus adversários conseguiram afastá-lo da vida pública, em duas oportunidades: em 1935, com a Universidade do Distrito Federal, por ele concebida e implantada, e em 1964, quando o governo militar reprimiu brutalmente a experiência da Universidade de Brasília, onde Anísio ocupava o cargo de Reitor.
De fato, há grandes convergências ideológicas, formais e operacionais entre a proposta de Anísio Teixeira (com o sistema de cursos universitários propedêuticos) e a arquitetura curricular do projeto Universidade Nova (como Bacharelado Interdisciplinar). Entretanto, há diferenças flagrantes entre ambas as propostas e o college norte-americano ou o Bachelor europeu. Por um lado, a pré-graduação da universidade norte-americana é mais longa que o BI e aceita desde programas com estrutura curricular totalmente aberta até cursos pré-profissionais. Por outro lado, o Bachelor do primeiro ciclo do Processo de Bolonha resulta profissionalizante e especializado, o que é contraditório com a essência interdisciplinar do nosso BI. Nesse caso, apesar de, por diversas razões, haver semelhanças entre o modelo europeu atual e a proposta da Universidade Nova (duração trienal equivalente, caráter predominantemente público da educação superior, manutenção de cursos profissionais no segundo ciclo etc.), as diferenças de contexto entre os espaços universitários europeu e latino-americano são grandes o bastante para desaconselhar uma adesão formal ao Processo de Bolonha. Embora uma ampla compatibilidade seja positiva, neste mundo globalizado, qualquer submissão será fatal (como tem sido em todos estes anos de história da educação superior brasileira) para o cumprimento do mandato humboldtiano da universidade como lugar de concepção e construção da identidade nacional.
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