NESTE MÊS DE DEZEMBRO, O CAFÉ CIENTÍFICO SALVADOR DISCUTE A BRINCADEIRA COMO UMA CARACTERÍSTICA UNIVERSAL DA INFÂNCIA, MAS VARIÁVEL ENTRE AS CULTURAS.
O QUE?
CAFÉ CIENTÍFICO SALVADOR – BRINCAR OU BRINCAR: EIS A QUESTÃO.
QUANDO?
19 DE DEZEMBRO DE 2014
A QUE HORAS?
18 HORAS
ONDE?
SALA KÁTIA MATTOSO, BIBLIOTECA PÚBLICA DO ESTADO DA BAHIA (BIBLIOTECA DOS BARRIS), RUA GENERAL LABATUT, 27, BARRIS, SALVADOR-BA
Brincar ou
brincar: eis a questão
Ilka Bichara
Instituto de Psicologia/UFBA
Instituto de Psicologia/UFBA
Resumo
A espécie humana
é curiosa e lúdica. Não importa onde, na cidade ou no campo, no palácio ou na
favela, no frio ou no calor, no pântano ou no deserto, brincar é uma
característica predominante nas crianças e não está ausente entre os adultos.
Ainda que cada cultura, cada grupo, cada turma de amigos e mesmo cada criança
tenha suas brincadeiras particulares, a simples existência do fenômeno é
inquestionavelmente universal. Podemos então afirmar que brincar é uma
característica definidora e universal da infância, embora culturalmente
variável. Mas o que é brincar e por que essa é uma atividade tão presente?
Antes de
qualquer tentativa de definição, é importante registrar que não só as crianças
brincam. Filhotes de outras espécies, principalmente mamíferos, também brincam,
mas nem todos. Vamos então começar nossa conversa tentando encontrar o que
existe de comum entre as espécies que brincam. Foi o que fez Burghardt (2005)
ao elaborar uma síntese com cinco grupos de critérios identificadores, o que
ele denomina os “big five” da brincadeira:
Função imediata limitada; Componente endógeno; Diferença temporal ou
estrutural; Ocorrência repetida;
Ambiente relaxado.
Mas, para que
serve o brincar? Por que esse comportamento foi selecionado? Como um
comportamento pode ser crucial e supérfluo ao mesmo tempo? E, se brincar é uma
extravagância, como persistiu? Deve ter alguma função de adaptação ou, ao
menos, um benefício que sobreponha seu custo, se não teria sido eliminada pelas
forças da seleção natural.
Discutiremos
esta questão a partir da hipótese de que brincar é, provavelmente, uma
adaptação ontogenética, ou seja, um sistema comportamental que melhora a
adaptação do indivíduo nos estágios imaturos da vida, perdendo seu significado
na idade adulta.
Indicações
de leitura:
Bichara,
I.D.; Lordelo, E.R.; Carvalho, A.M.A. & Otta, E. (2009) Brincar ou brincar:
eis a questão – perspectiva da psicologia evolucionista sobre a brincadeira.
In: Yamamoto, M. E. e Otta, E. (Orgs) Psicologia
Evolucionista.
Rio de janeiro:
Guanabara Koogan, 104-113.
Carvalho,
A. M. A. (1989). Brincar juntos: natureza e função da interação entre crianças.
In C. Ades (Org.), Etologia:
de animais e de homens (pp.199-210).
São Paulo: Edicon.
Carvalho,
A. M. A.; Pontes, F. A. R.; Magalhães, C. M. C. & Bichara, I. D. (2003). Brincadeira
e Cultura: viajando pelo Brasil que brinca. São Paulo: Casa do Psicólogo.
Yamamoto,
M.E. & Carvalho, A.M.A. (2002). Brincar
para que? Uma abordagem etológica ao estudo da brincadeira. Estudos de Psicologia, 7(10),
163-164.
Burghardt,
G. (2005). The genesis of animal play:
testing the limits. Cambridge:
MIT Press.
Johnson,
J. E., Christie, J. F., & Yawkey, T. D. (1999). Play and early
childhood development. New York:
Longman.