O CAFÉ CIENTÍFICO DISCUTE EM MARÇO DE 2014 POR
QUE RAZÕES DEVEMOS NOS PREOCUPAR COM A PERDA DE VEGETAÇÃO NATIVA E DE
BIODIVERSIDADE. ESTAS RAZÕES ESTÃO LONGE DE SE LIMITAR A UMA PREOCUPAÇÃO COM
OUTRAS ESPÉCIES! TRATA-SE DE SE PREOCUPAR COM OS SERVIÇOS QUE OS ECOSSISTEMAS
NOS PRESTAM E SEM OS QUAIS NOSSOS SISTEMAS SOCIOECONÔMICOS COLAPSARÃO.
Café Científico Salvador, 25 de Março de 2014, 18:00 (excepcionalmente, terça-feira)
Local: Sala Luis Orlando, Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris), Rua General Labatut, 27, Barris, Salvador-BA.
PERDA DE VEGETAÇÃO NATIVA E A
PERDA DE BIODIVERSIDADE:
RAZÕES ÉTICAS E PRAGMÁTICAS PARA
NOSSA PREOCUPAÇÃO
Pedro Luís Bernardo da Rocha (IB-UFBA)
Os impactos das ações humanas
sobre os sistemas naturais têm levado a extinções locais e globais de inúmeras
espécies. Um dos impactos humanos que mais contribui para essa situação é a
substituição da vegetação nativa por ambientes simplificados, destinados à
produção de alimentos, madeira, fibras e outros bens para os homens. A ciência
da ecologia tem investigado os processos que conectam a perda progressiva da
vegetação nativa em uma certa região com o desaparecimento local de suas
espécies. Uma das conclusões desses estudos é que o efeito a remoção de uma
certa quantidade dessa vegetação sobre as espécies locais varia a depender de
quanta vegetação já foi removida. Se ainda houver muita vegetação na área, a
supressão de alguns hectares pode não afetar as espécies nativas; contudo, a
remoção da mesma quantidade de vegetação em uma região onde já houve supressão
anterior pode levar ao colapso da biodiversidade local. Um estudo realizado por
nosso grupo sobre o efeito da perda de Mata Atlântica da Bahia sobre árvores,
invertebrados e vertebrados exemplifica como esse colapso pode ser dramático.
Os modelos ecológicos que descrevem esse processo podem auxiliar no
planejamento do uso do solo pelo homem, visando a manutenção da biodiversidade.
Uma proposta produzida por um grupo de acadêmicos e técnicos de órgãos
ambientais da Bahia exemplifica como se pode integrar teoria ecológica e gestão
ambiental de modo frutífero. A preocupação com a manutenção da biodiversidade
não apresenta apenas uma dimensão ética. Ela está relacionada com a necessidade
de garantir condições minimamente adequadas para que a produção de bens e
serviços à humanidade seja garantida no médio e longo prazo. Vários estudos
exemplificam como a manutenção da biodiversidade é essencial para que isso
ocorra.
Leituras sugeridas:
Jean Paul Metzger 2010. O Código
Florestal tem base científica? Natureza e Conservação 8(1): 92-99.
Dary M.G. Rigueira 2011. Limiares
ecológicos na ecologia pós-moderna. Ciência Hoje 48: 68-69.
Dary M.G. Rigueira e
colaboradores 2011. Perda de habitat, leis ambientais e conhecimento
científico: proposta de critérios para a avaliação dos pedidos de supressão.
Revista Caititu 1: 21-42. Disponível em http://www.portalseer.ufba.br/index.php/revcaititu/article/viewFile/5139/03%20Artigo%201
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