Sunday, March 23, 2014

O CAFÉ CIENTÍFICO DISCUTE EM MARÇO DE 2014 POR QUE RAZÕES DEVEMOS NOS PREOCUPAR COM A PERDA DE VEGETAÇÃO NATIVA E DE BIODIVERSIDADE. ESTAS RAZÕES ESTÃO LONGE DE SE LIMITAR A UMA PREOCUPAÇÃO COM OUTRAS ESPÉCIES! TRATA-SE DE SE PREOCUPAR COM OS SERVIÇOS QUE OS ECOSSISTEMAS NOS PRESTAM E SEM OS QUAIS NOSSOS SISTEMAS SOCIOECONÔMICOS COLAPSARÃO.


Café Científico Salvador, 25 de Março de 2014, 18:00 (excepcionalmente, terça-feira)

Local: Sala Luis Orlando, Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris), Rua General Labatut, 27, Barris, Salvador-BA.



PERDA DE VEGETAÇÃO NATIVA E A PERDA DE BIODIVERSIDADE:
RAZÕES ÉTICAS E PRAGMÁTICAS PARA NOSSA PREOCUPAÇÃO

Pedro Luís Bernardo da Rocha (IB-UFBA)


Os impactos das ações humanas sobre os sistemas naturais têm levado a extinções locais e globais de inúmeras espécies. Um dos impactos humanos que mais contribui para essa situação é a substituição da vegetação nativa por ambientes simplificados, destinados à produção de alimentos, madeira, fibras e outros bens para os homens. A ciência da ecologia tem investigado os processos que conectam a perda progressiva da vegetação nativa em uma certa região com o desaparecimento local de suas espécies. Uma das conclusões desses estudos é que o efeito a remoção de uma certa quantidade dessa vegetação sobre as espécies locais varia a depender de quanta vegetação já foi removida. Se ainda houver muita vegetação na área, a supressão de alguns hectares pode não afetar as espécies nativas; contudo, a remoção da mesma quantidade de vegetação em uma região onde já houve supressão anterior pode levar ao colapso da biodiversidade local. Um estudo realizado por nosso grupo sobre o efeito da perda de Mata Atlântica da Bahia sobre árvores, invertebrados e vertebrados exemplifica como esse colapso pode ser dramático. Os modelos ecológicos que descrevem esse processo podem auxiliar no planejamento do uso do solo pelo homem, visando a manutenção da biodiversidade. Uma proposta produzida por um grupo de acadêmicos e técnicos de órgãos ambientais da Bahia exemplifica como se pode integrar teoria ecológica e gestão ambiental de modo frutífero. A preocupação com a manutenção da biodiversidade não apresenta apenas uma dimensão ética. Ela está relacionada com a necessidade de garantir condições minimamente adequadas para que a produção de bens e serviços à humanidade seja garantida no médio e longo prazo. Vários estudos exemplificam como a manutenção da biodiversidade é essencial para que isso ocorra.
  
Leituras sugeridas:
Jean Paul Metzger 2010. O Código Florestal tem base científica? Natureza e Conservação 8(1): 92-99.
Dary M.G. Rigueira 2011. Limiares ecológicos na ecologia pós-moderna. Ciência Hoje 48: 68-69.
Dary M.G. Rigueira e colaboradores 2011. Perda de habitat, leis ambientais e conhecimento científico: proposta de critérios para a avaliação dos pedidos de supressão. Revista Caititu 1: 21-42. Disponível em http://www.portalseer.ufba.br/index.php/revcaititu/article/viewFile/5139/03%20Artigo%201

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