O CAFÉ CIENTÍFICO SE DEBRUÇA SOBRE OS
TUPINAMBÁS, O PRIMEIRO POVO INDÍGENA QUE OS PORTUGUESES AQUI ENCONTRARAM
Café Científico Salvador, 13 de Dezembro de 2013, 18:00Local: Auditório da Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris), Rua General Labatut, 27, Barris, Salvador-BA.
OS TUPINAMBÁS: COMO VIVIAM E COMO VIVEM HOJE?
Maria Rosário Gonçalves de
Carvalho (FFCH-UFBA)
O primeiro registro produzido
sobre os Tupinambás ressaltou a sua feição – “pardos, maneira d´avermelhados,
de bons rostos e bons narizes, bem feitos” (Pero Vaz de Caminha. Carta a el-rei
d. Manuel sobre o achamento do Brasil. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda,
1974) e a nudez dos corpos. O relato do escrivão, preciso e circunstanciado,
demonstra, contudo, que a nudez era quebrada pelos adornos labiais, denominados
batoques ou tembetás.
De fato, as penas, para os
Tupinambás, não apenas ornavam os corpos, mas constituíam signos denunciadores
das posições sociais dos seus portadores e fonte de riqueza pessoal: “seus
tesouros são penas. Quem as tem muitas, é rico e quem tem cristais para os
lábios e faces, é dos mais ricos” (Hans Staden. Duas Viagens ao Brasil. Belo
Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Editora da USP, 1974)
Florestan
Fernandes, apoiado em grande número de fontes primárias, observa que, por
ocasião do começo da colonização portuguesa na Bahia, os Tupinambás dominavam
extensas áreas territoriais. Toda a zona costeira, do São Francisco até junto
dos Ilhéus, estava sujeita ao domínio dos grupos locais Tupinambás.
As relações entre eles não eram
“uniformemente amistosas”. Os moradores da região compreendida entre os rios
Real e São Francisco eram inimigos dos que moravam “daí para baixo”. Na
“Bahia”, os que moravam do lado da cidade eram inimigos dos que povoavam a zona
contígua, delimitada pelo rio Paraguaçu, Sergipe, Ilha de Itaparica, rio
Jaguaripe, Ilha Tinharé, e as costas dos Ilhéus De todo modo, Gabriel Soares de
Souza assinala que as dissensões ocorreram antes da chegada dos colonizadores,
que delas se beneficiariam.
A
sessão de 13 de dezembro de 2013 do Café Cientifico versará sobre os Tupinambás
coloniais – conferindo atenção às suas relações domésticas; ao ideal masculino
guerreiro; à posição social das mulheres; ao fundamento gerontocrático do
sistema sociocultural; aos movimentos migratórios; e aos rituais, entre outros aspectos -- e contemporâneos
que, nos anos 1990, retomaram o seu etnônimo e passaram a reivindicar os
direitos a que fazem jus.
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