Friday, October 11, 2013

CAFÉ CIENTÍFICO DISCUTE OS DESAFIOS ENFRENTADOS NA TENTATIVA LOCAL E GLOBAL DE CONSERVAR OS RECIFES DE CORAL, TÃO IMPORTANTES PARA A VIDA MARINHA



Café Científico Salvador, 25 de Outubro de 2013, 18:30Local: Auditório da Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris), Rua General Labatut, 27, Barris, Salvador-BA.
Recifes de coral: Desafios locais e globais de conservação

Zelinda M. A. N. Leão (UFBA / IGEO / RECOR / INCT-AmbTropic)


RECIFES DE CORAL – DESAFIOS LOCAIS E GLOBAIS DE CONSERVAÇÃO

Zelinda M. A. N. Leão (UFBA / IGEO / RECOR / INCT-AmbTropic)

Os recifes de coral vivem nos mares tropicais do mundo numa faixa dos oceanos entre as latitudes de 30°N e 30°S, onde a temperatura das águas não varia muito, e é sempre superior a 20°C. Eles constituem o mais diverso e mais produtivo dos ecossistemas marinhos costeiros, contendo as maiores reservas da biodiversidade dos mares. Fornecem alimento e são a principal fonte de recursos para centenas de milhares de pessoas que vivem nas regiões tropicais do planeta, formando um ecossistema natural único, com grande valor científico, econômico e social. O processo de vida nos recifes de coral é extremamente complexo devido ao alto grau de interdependência entre seus organismos. Esta relação entre os vários componentes do ecossistema torna-o muito frágil e suscetível aos impactos que afetam o ambiente. Os recifes são formados por corais que existem há cerca de 250 milhões de anos. Embora eles tenham sobrevivido a grandes flutuações climáticas e catástrofes ao longo da história do planeta, calcula-se que atualmente cerca de 30% dos recifes já estejam severamente danificados, e que dentro de 30 a 40 anos aproximadamente 60% estarão totalmente degradados. Isto deve ocorrer em consequência da ação conjunta do aquecimento global e da depredação dos recursos naturais pelo homem, principalmente devido à sobrepesca e à poluição marinha. No Brasil os recifes de coral se distribuem por cerca de 3.000 km nas costas nordeste e leste, do Maranhão até o sul da Bahia, e são os únicos recifes do Oceano Atlântico Sul. Eles são especiais pela sua forma de crescimento, pois crescem a partir de uma estrutura única, chamada de "chapeirão", que são colunas isoladas com a forma de cogumelo - a base estreita e o topo expandido como se fosse a aba de um grande chapéu. Das mais de 300 espécies de corais existentes no mundo, apenas cerca de 20 espécies vivem nos recifes brasileiros, das quais 18 são encontradas em Abrolhos que é a mais rica área de recifes do Brasil, e cerca de 40% destas espécies são endêmicas das águas brasileiras. Os corais são extremamente sensíveis às oscilações da temperatura da água do mar. Um aumento pequeno pode provocar o branqueamento do coral que é a perda das suas algas simbiontes, as zooxantelas, deixando visível o seu esqueleto calcário branco daí o nome de branqueamento. O branqueamento compromete a capacidade de reprodução, o crescimento e a taxa de calcificação do esqueleto dos corais e, consequentemente, o desenvolvimento dos recifes como um ecossistema de alta biodiversidade. Até o presente os corais brasileiros têm resistido aos fortes eventos de branqueamento. O último evento ocorreu no verão de 2009/2010 quando anomalias térmicas, decorrentes do fenômeno El Niño, foram a principal causa da ocorrência de corais branqueados em toda a costa do Brasil. Há um consenso mundial quanto à necessidade de se promover o manejo e a conservação dos recifes de coral, e o Brasil não é exceção. As unidades de conservação no Brasil estão distribuídas por todo o seu litoral e abrange quase todas as ilhas oceânicas do país, apresentando um sistema amplo, com diferentes categorias de manejo nos três níveis de governo, federal, estadual e municipal. Estas diferentes categorias surgem de acordo com estudos e demandas comunitárias conforme as características e as alternativas locais para a conservação dos recursos naturais do ecossistema. E essas áreas protegidas são consideradas como a mais poderosa ferramenta para a conservação dos recifes de coral.

Sugestão de leitura:
Atlas dos Recifes de Coral nas Unidades de Conservação Brasileiras. Ministério do Meio Ambiente. SBF 2006.
Leão ZMAN, Kikuchi RKP, Oliveira MDM. Branqueamento de corais nos recifes da Bahia e sua relação com eventos de anomalias térmicas nas águas superficiais do oceano. Biota Neotrop. 8: 69-82, 2008.
Leão Z.M.A.N. Abrolhos - O complexo recifal mais extenso do Oceano Atlântico Sul. In: Schobbenhaus C., Campos D.A., Queiroz E.T., Winge M., Berbert-Born M., (Ed.), Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil. 1999. Publicado na Internet no endereço http://www.unb.br/ig/sigep/sitio090/sitio090.htm
Poggio C, Leão Z, Mafalda-Junior P. Registro de branqueamento sazonal em Siderastrea spp nas poças intermareais do Recife de Guarajuba, Bahia, Brasil. Interciencia 34: 502-506, 2009
Ferreira, B. P. & M. Maida. Monitoramento dos recifes de coral do Brasil – situação atual e perspectivas. Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Biodiversidade e Florestas, Brasília, 116 pp, 2006
Guia Internet dos corais e hidrocorais do Brasil. http://www.cpgg.ufba.br/guia-corais/
Kikuchi. R.k.P., Atol das Rocas. In: Schobbenhaus C., Campos D.A., Queiroz E.T., Winge M., Berbert-Born M., (Ed.), Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil. 1999. Publicado na Internet no endereço http://www.unb.br/ig/sigep/sitio030/sitio030.htm
Leão, Z., Kikuchi, R., Amaral, F., Oliveira, M., Costa, C. Tesouros agonizantes. Scientific American Brasil. Oceanos, vol 3, p. 74 – 82. 2009. www.sciam.com.br




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