Thursday, May 29, 2008

PDDU de Salvador é pauta de Café Científico

Espaço público, participação popular e o processo de elaboração e revisão do Plano

O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) de Salvador, sancionado neste ano pelo prefeito João Henrique, estará na pauta do Café Científico Salvador, que acontece na próxima segunda-feira (02), a partir das 18h30, na Livraria Multicampi LDM, Piedade. O professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Angelo Serpa*, será o responsável por esta edição. Teorias e conceitos sobre o assunto serão tratados pelo palestrante, que retoma o mote do livro "O espaço público na cidade contemporânea", de sua autoria, lançado pela Editora Contexto, em 2007.

De acordo com Serpa, Salvador, como outras metrópoles do Brasil e do mundo, "vem conduzindo políticas de requalificação urbana seletivas e segregacionistas, que reforçam e tornam visíveis as desigualdades sócio-espaciais no tecido urbano-metropolitano". Nesse processo, em que as áreas periféricas e de urbanização popular da cidade ficam à revelia do "desenvolvimento urbano" vigente, como falar de participação popular na formulação de políticas públicas num contexto tão adverso? Sendo este um ponto de partida de Serpa para a discussão do PDDU no Café Científico, ele adianta que ainda está longe de acontecer a construção de um planejamento verdadeiramente participativo e contínuo na capital.

Com a eleição de João Henrique, a prefeitura de Salvador assumiu, em 2005, o compromisso de revisar, democraticamente, o recém aprovado PDDU (2004). O texto do Plano foi discutido a partir da mobilização de alguns setores da sociedade. No início, as audiências públicas eram vestidas da idéia de democratização da gestão urbana e da função social da propriedade. Apesar disso, ao longo do processo, a conjuntura muda. Em 2008, o Plano é sancionado pelo prefeito sob protestos e oposição de determinados segmentos da sociedade soteropolitana.

***

O Café Científico é promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências (UFBA/UEFS) e pela LDM – Livraria Multicampi. O evento é inteiramente gratuito e não necessita de inscrição.

*Angelo Serpa é doutor em Planejamento Paisagístico e Ambiental pela Universitaet Für Bodenkultur Wien (1994), com pós doutorado em Estudos de Organização do Espaço Exterior e Planejamento Urbano-Regional e Paisagístico realizado na Universidade de São Paulo (1995-1996) e em Geografia Cultural realizado na Université Paris IV (Sorbonne/2002-2003). Atualmente é professor associado da Universidade Federal da Bahia. Tem experiência nas áreas de Geografia e de Planejamento, com ênfase em Geografia Urbana, Geografia Regional e Geografia Cultural, Planejamento Urbano, Planejamento Regional e Planejamento Paisagístico, trabalhando principalmente os seguintes temas de pesquisa: espaço público, periferias urbanas e metropolitanas, manifestações da cultura popular, identidade de bairro, cognição e percepção ambiental. É docente permanente na Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo e no Mestrado em Geografia da Universidade Federal da Bahia, onde também coordena o Laboratório de Análise Urbano-Regional (NUAGEO) e é editor responsável pela Revista GeoTextos. É bolsista de produtividade em pesquisa do CNPQ.

Serviço


O quê: Café Científico Salvador com o tema "Espaço público, participação popular e o processo de elaboração e revisão do Plano Diretor de Salvador".

Quando: 02 de junho, a partir das 18h30.

Onde: Livraria Multicampi LDM, Rua Direita da Piedade, nº 20.

Contato

Imprensa – Débora Alcântara (**71 8805-6292);

Produção – Vagner Rocha (**71 8815-5004).

Outros contatos:

LDM: **71 2101-8000. Ufba **71 3283-6568.

Próximo Evento 2 de junho de 2008 – 18h30min

Espaço público, participação popular e o processo de elaboração / revisão do Plano Diretor de Salvador: bases para um debate

por Ângelo Serpa (IG-UFBa)

As questões norteadoras do livro "O espaço público na cidade contemporânea", lançado pela Editora Contexto, em 2007, podem também servir de mote inicial para este café científico: Qual é o papel desempenhado pelo espaço público na cidade contemporânea? Que variáveis analisar? E a partir de que teorias e conceitos? No livro, tal discussão foi encarada como um desafio para a Geografia e para todas as ciências que se pretendam políticas e ativas, já que o espaço público é considerado como o espaço da ação política ou da possibilidade da ação política na contemporaneidade. Esta característica fundamental contrasta, nas cidades contemporâneas, com o processo de incorporação dos espaços públicos urbanos como mercadorias para o consumo de poucos, dentro da lógica de produção e reprodução do sistema capitalista na escala mundial. Ou seja, ainda que sejam adjetivados como públicos, poucos se beneficiam desses espaços teoricamente comuns a todos. Antes de tudo, é necessário discutir o sentido da ação, da ação política, que consideramos pertinente para a análise do espaço público no período contemporâneo.

Salvador, como outras metrópoles do Brasil e do mundo, vem conduzindo políticas de requalificação urbana seletivas e segregacionistas, que reforçam e tornam visíveis as desigualdades sócio-espaciais no tecido urbano-metropolitano. Depois da segunda metade dos anos 1990, a cidade empreendeu uma política sistemática de criação e reabilitação de parques e jardins públicos. A estratégia de promoção de uma imagem positiva de Salvador através da revalorização de seus espaços públicos faz parte do receituário do planejamento estratégico. Este modelo aposta na criação de holdings, consórcios ou empresas mistas para executar ações de desenvolvimento urbano. Tanto a requalificação como a adoção de espaços públicos por empresas privadas segue a lógica da visibilidade e da expectativa de retorno através da propaganda e do marketing. O problema é que esses programas não atendem, via de regra, as áreas periféricas e de urbanização popular da cidade, onde o abandono de parques e praças é notório.

Como falar de participação popular na formulação de políticas públicas num contexto tão adverso? Esta questão norteia a segunda parte da reflexão sobre os processos de elaboração e revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, que demonstram que ainda estamos longe da construção de um planejamento verdadeiramente participativo e contínuo no tempo em Salvador. O PDDU foi revisado a partir da mobilização de alguns setores da sociedade, que resultou numa ação visando à garantia de participação. A posse de um novo prefeito em 2005 favoreceu o processo capitaneado pela Prefeitura e pelas Administrações Regionais, sendo frágil a representatividade dos presentes nas discussões, embora isso não tenha se constituído em impedimento para aprovação deste importante instrumento de planejamento e formulação de políticas públicas pela Câmara Municipal de Salvador em 2007. Em 2008, o Plano entrou em vigor com a sanção do Prefeito, sob protestos e oposição de determinados segmentos da sociedade soteropolitana.

Leitura Recomendada:

ARENDT, H. A Condição Humana, 10. Ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000.
HABERMAS, J. Mudança estrutural da esfera pública. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.
LEFEBVRE, H. O direito à cidade. São Paulo: Editora Moraes, 1991.
SENNET, R. O declínio do homem público. 6. reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
SERPA, A. O Espaço Público na Cidade Contemporânea. 1. ed. São Paulo: Editora Contexto, 2007a. 208 p.
SERPA, A. (Org.). Cidade Popular - Trama de Relações Sócio-Espaciais. 1. ed. Salvador: Editora da Universidade Federal da Bahia - EDUFBA, 2007d.
YÁZIGI, E. O mundo das calçadas. São Paulo: Humanitas/FFLCH-USP; Imprensa Oficial do Estado, 2000.

Wednesday, May 07, 2008

Próximo Evento 12 de maio de 2008 – 18 horas

Por que classificar os seres vivos é importante para compreender a biodiversidade?

por Freddy Bravo (Depto. de Ciências Biológicas, UEFS)

Nós, humanos, temos uma tendência a classificar tudo ao nosso redor para entender mais facilmente o mundo que nos rodeia. Esta atividade, provavelmente, é tão antiga quanto a própria história da humanidade. Podemos observar classificações em livrarias –livros por assunto, em supermercados –produtos da mesma origem e/ou função, lojas de roupas –por faixa etária e sexo, etc. Ao classificar os seres vivos o fazemos, principalmente, pelo impacto que eles têm sobre nós, como por exemplo na saúde, alimentação, vestuário, etc.
A primeira tentativa de formalizar uma classificação para os seres vivos, especificamente para os animais, foi realizada por Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., e viria influenciar por muitos séculos os trabalhos em história natural. Mais de 2000 anos depois, Linneo, naturalista sueco do século XVIII, propôs um sistema de classificação hierárquico-binomial, com o qual pretendia classificar todas as criaturas criadas por Deus. Este sistema ainda é usado em Taxonomia biológica, a ciência da classificação, no qual cada espécie tem dois nomes (binomial), e é classificada em um sistema hierárquico de categorias (como por exemplo Reino, Filo, Classe, ordem, família, gênero,espécie) e está de acordo com as regras e princípios de códigos de nomenclatura, o que garante a cada espécie um nome único, universal e estável.
A Biodiversidade (diversidade da vida) é uma das propriedades fundamentais da natureza na qual são reconhecidos três níveis: diversidade genética, diversidade de espécies e diversidade de ecossistemas. A taxonomia se ocupa da diversidade de espécies e esta atividade, segundo alguns pesquisadores, é a atividade básica que fornece a informação primária para que outras disciplinas das Ciências Biológicas ou das Ciências da Vida (como por exemplo ecologia, fisiologia, medicina e agronomia) possam efetuar seus estudos.
Pouco mais de duzentos e setenta anos depois da publicação do Systema Naturae de Linneo (1735), marco inicial do sistema classificatório moderno, são conhecidas, aproximadamente 1,5 – 1,8 milhões de espécies. Por outro lado, estimativas de alguns pesquisadores sugerem que o número de espécies pode variar entre 5 e 80 milhões. A expansão humana no planeta e os recursos necessários para manter a vida humana têm se tornado fatores de risco para a manutenção da biodiversidade do planeta.
A taxonomia, que nomeia e classifica a biodiversidade, tem um papel fundamental no conhecimento desta, no entanto, esta recuperação sobre a informação da diversidade de espécies pode estar comprometida com a falta de taxonomistas no mundo, problema conhecido como “impedimento taxonômico”.
Neste resumo foi apresentada rapidamente a importância da taxonomia (nomeação e classificação de espécies) para o conhecimento da biodiversidade. O Brasil, um país megadiverso, necessita de taxonomistas e Governo Federal está ciente e apóia uma iniciativa para a formação deste tipo de profissionais. Cabe aos pesquisadores incentivarem e formarem novos taxonomistas.


Bibliografia Sugerida:

Borges, JC. 2006. Baú do tesouro. http://cienciahoje.uol.com.br/58888.
Mayr, E. 1998. O desenvolvimento do pensamento biológico: diversidade, evolução e herança. Editora Universidade de Brasilia. 1107p. (Capítulos 4, 5 e 6)

Pinna, M. de. 2001. Conrad Gesner e a sistemática biológica. Há 450 anos era publicado o primeiro volume da Historia animalium.

Rapini, A. 2004. Modernizando a Taxonomia. Biota Neotropica v4 (n1) –

Raw, A. 2003. Sistemática no currículo universitário.
cienciahoje.uol.com.br/controlPanel/materia/resource/download/41576.

Sunday, April 27, 2008

Resumo apresentação Café Científico Especial – Ano Darwin
05 de maio de 2008 (segunda-feira) – 18:00

Evolução aplicada ao cotidiano

por Claudia Sepúlveda (Depto. de Educação, UEFS)

A teoria evolutiva de Darwin tem sido aclamada pela sua importância acadêmica ao estabelecer as bases da Biologia, e pelo impacto abrangente e desafiador que apresentou ao pensamento humano. Neste Café Científico abordaremos outro aspecto do pensamento evolutivo darwinista: sua relevância para lidarmos com problemas práticos que nos afligem, dizem respeito à nossa qualidade de vida e emergem da relação entre ciência, tecnologia e sociedade.
A biologia evolutiva tem passado por aperfeiçoamentos conceituais e metodológicas, todos eles compatíveis com duas teorias propostas por Darwin: (1) a de que diferentes tipos de organismos descendem de um ancestral comum, teoria da descendência comum, e (2) a de que o principal (mas não único) mecanismo de evolução é a sobrevivência e reprodução diferencial de indivíduos com características que aumentam sua capacidade de explorar recursos limitados no ambiente em que vivem, teoria da seleção natural. Estes dois princípios têm sido aplicados à resolução de questões tão diversas acerca de nossa existência cotidiana como: Por que nós somos susceptíveis a tantas doenças? Por que cada vez mais pessoas morrem de infecções hospitalares? Como surgiu o vírus HIV e porque é tão difícil controlar e tratar a AIDS? De onde surgem e como podemos controlar pragas agrícolas? Quais são os riscos da liberação no meio ambiente de organismos geneticamente modificados? Para quais espécies, comunidades ecológicas ou regiões geográficas devemos destinar nossos esforços de conservação mais urgentes?
Uma compreensão adequada da evolução por seleção natural mostra que nós, seres humanos, somos não apenas alvo deste processo, como também temos um papel como agentes, ao modificamos o ambiente em que vivemos. O uso indiscriminado de antibióticos tem levado ao surgimento de bactérias resistentes a estas drogas de modo tão rápido e abrangente que o fenômeno tem sido considerado uma calamidade de escala mundial. Este é um dentre outros exemplos em que a seleção natural nos ajuda a compreender como mudanças ambientais geradas pela atividade humana, ao alterar a velocidade e o rumo do processo evolutivo de outros organismos, podem apresentar conseqüências para nossa qualidade de vida. A teoria da descendência comum, por sua vez, ao fundamentar os métodos de inferência das relações de parentesco entre as espécies, tem nos permitido identificar: (1) reservatórios de organismos patogênicos; (2) inimigos naturais de pragas agrícolas; (3) espécies de plantas com compostos de importância farmacológica, médica e industrial; (4) regiões com maior variedade de espécies biologicamente diferentes únicas, que por isso devem ser conservadas. Pretendemos explorar alguns destes exemplos de aplicação do darwinismo, de modo a analisarmos como a biologia evolutiva tem nos proporcionado explicações e soluções para problemas de saúde pública, agricultura e gestão ambiental.


Leitura Recomendada:

FUTUYMA, D.J. Evolução, ciência e sociedade. Sociedade Brasileira de Genética. 1999. (disponível em http://www.sbg.org.br)

MEYER, D; EL-HANI,C.N. Evolução: o sentido da biologia. São Paulo: Editora UNESP, 2005
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Café Científico Especial – Ano Darwin
05 de maio de 2008 (segunda-feira) – 18:00

Evolução aplicada ao cotidiano

por Claudia Sepúlveda (Depto. de Educação, UEFS)

O Café Científico acontece a partir das 18 horas, na sede da Livraria Multicampi LDM, Piedade, Centro. A participação no Café é inteiramente gratuita.

Monday, March 17, 2008

Próximo Evento 14/04/2008 – 18 horas

Produção e Consumo Sustentáveis: Seremos Capazes de Construí-los?

por Asher Kiperstok da Escola Politécnica da UFBa.

Diagnosticar os problemas ambientais que se colocam perante nós é importante mas não é suficiente. Temos que ver com clareza o desafio da sustentabilidade para que possamos estabelecer metas e planejar ações. Urge ainda desenvolvermos metodologias de ação.
Na palestra serão abordados estes temas e serão apresentados os instrumentos que a Produção Limpa e a Ecologia Industrial colocam a nossa disposição.

maiores informações sobre o tema:

Tuesday, March 04, 2008

Resumo da apresentação do dia 10/03/2008

Desafios para o Desenvolvimento sustentável no Brasil

Por Emerson Andrade Sales, professor do Instituto de Química da UFBa.

Vivemos hoje uma das grandes contradições da humanidade: o modo segundo o qual a sociedade organizou-se historicamente, mesmo reconhecendo que trouxe avanços extraordinários, por exemplo, no campo do conhecimento, não resolveu questões básicas como a disseminação e apropriação universal deste mesmo conhecimento, visando o bem estar de todos. Ao contrário, mantém ainda hoje os privilégios, a injustiça social, a marginalização dos povos. Como conseqüência deste “modelo” de sociedade, a maneira como se vive na maior parte do planeta causa grandes impactos ambientais ao mesmo, por falta de reflexão sobre a responsabilidade de cada ato, e suas conseqüências para as futuras gerações.
A vida e o ambiente são intimamente ligados, interdependentes; a Terra é um sistema vivo, que tem sido enxergado apenas como fonte de insumos para a sobrevivência humana, e o desenvolvimento da chamada “sociedade de consumo”. Os limites do planeta, exaurido por este modelo de sociedade, estão cada vez mais próximos, mas poucos estão conscientes disto.
Mudanças Ambientais Globais estão ocorrendo e não podem ser separadas de questões de desenvolvimento. As relações do crescente aquecimento global com as intervenções antrópicas nos ecossistemas estão exaustiva e cabalmente demonstradas pela comunidade científica nacional e internacional. Há ainda uma questão de ética e justiça: as pessoas que vão sofrer as conseqüências mais graves das Mudanças Ambientais Globais são aquelas que menos contribuíram para este grave problema. Estes temas serão abordados com foco no caso brasileiro: quer o Brasil tornar-se um modelo de produção para um futuro sustentável? Como entender melhor as limitações ambientais para o desenvolvimento social e tecnológico? Queremos ser uma “potência ambiental” ou o primeiro “país tropical desenvolvido”?

Leituras Recomendadas:

Sachs, I. et al. DILEMAS E DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NO BRASIL, Editora Garamond.

Cavalcanti, C. (Org.). DESENVOLVIMENTO E NATUREZA: Estudos para uma sociedade sustentável. INPSO/FUNDAJ, Instituto de Pesquisas Sociais, Fundacao Joaquim Nabuco, Ministerio de Educacao, Governo Federal, Recife, Brasil. Octubre 1994. p. 262.
Próximo Evento 10/03/2008 – 18 horas

Os Desafios do Desenvolvimento Sustentável no Brasil

por Emerson Sales do Instituto de Química da UFBa.

Monday, March 03, 2008

Cobertura do Evento Anos Darwin

Centenas de pessoas assistiram a palestras sobre a passagem de Charles Darwin por Salvador
http://www.fapesb.ba.gov.br/cti/noticias/noticia.2008-02-29.9040842055/view

Prosseguem atividades dos “Anos Darwin”
http://www.comunicacao.ba.gov.br/noticias/2008/02/29/prosseguem-atividades-dos-201canos-darwin201d?b_start=0

Café científico faz homenagem a Charles Darwin
http://www.bahiaemfoco.com/noticia/4584/ufba-cafe-cientifico-faz-homenagem-a-charles-darwin

Café Científico discute Darwin
http://www.portal.ufba.br/ufbaempauta/2007/fevereiro/sexta09/energia

Fapesb promove eventos para comemorar 150 anos da teoria da seleção natural das espécies
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=54440

Thursday, February 28, 2008

Café Científico Salvador nos Anos Darwin

Como a seleção natural atuou na evolução humana

Amanhã (29) será uma data especial para o Café Científico Salvador. O professor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), Diogo Meyer, virá à Bahia para falar como a seleção natural atuou na evolução humana. O tema do Café, em data extraordinária, faz parte de uma série de eventos comemorativos dos 150 anos da primeira divulgação da teoria da seleção natural, de Charles Darwin e Alfred Wallace.

Os eventos, como este e outros Cafés especiais que acontecerão ainda este ano, são uma homenagem aos Anos Darwin, 2008 e 2009. Neste último, serão festejados 200 anos do nascimento desse estudioso que marcou a história da ciência moderna e os rumos da ciência contemporânea. Além disso, será quando se completa 150 anos da publicação do trabalho mais célebre de Darwin, A Origem das Espécies.
Em todas as atividades, a passagem de Charles Darwin no Brasil, e especialmente na Bahia (1832), será lembrada e discutida. Charbel El-Hani, coordenador do Café Científico e organizador dos Anos Darwin no Estado, disse que o Brasil teve um papel importante na vida do naturalista e para o chamado processo de "conversão" para o evolucionismo.

Darwin aportou em Salvador em 28 de fevereiro de 1832, onde ficou até 18 de março do mesmo ano. "Foi nas cercanias desta cidade que ele vivenciou pela primeira vez a experiência de caminhar pelo interior de uma floresta tropical, como ele descreve com cores vívidas e emocionadas no diário escrito ao longo da viagem do Beagle", conta El-Hani. Ele também afirma que o estudioso começou a coletar dados geológicos que lhe sugeriram que a profundidade do mar havia de fato variado ao longo do tempo. "É surpreendente como, diante deste rico legado, a passagem de Darwin pelo Brasil está pouco presente no ensino de Biologia em nosso país", criticou.

Fazendo dos anos de 2008 e 2009 uma oportunidade de realizar atividades de popularização e difusão da ciência que estejam voltados para estes episódios históricos, é que a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) e o Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências (UFBA/UEFS) se uniram para promover uma série de conferências, encontros, simpósios e atividades no contexto da educação básica e vinculadas ao turismo no Estado da Bahia, visando à celebração dos anos Darwin.

Veja a seguir um pouco do que será apresentado no Café Científico de amanhã (29):

Por Diogo Meyer

Em nossa espécie há diferenças entre indivíduos. Alguns de nós somos altos, outros são baixos; alguns têm pele escura, outros têm pele clara; alguns adoecem facilmente, outros são mais resistentes; alguns digerem leite com facilidade, outros ficam com dor de barriga após beber leite. Vemos também que essas diferenças têm alguma relação com o local de onde vêm as pessoas: africanos em geral têm pele mais escura do que europeus; o sistema imunológico de ameríndios é diferente daquele de africanos; asiáticos têm mais dificuldade para digerir o leite.

O que está por trás dessas diferenças? A seleção natural atuou sobre os humanos, mudando as populações? A nossa espécie ainda hoje está sob seleção natural? As diferenças entre nós e o chimpanzé, nosso parente não-humano mais próximo, resultam da ação da seleção natural? Nas últimas décadas avançamos muito no desafio de responder a essas perguntas.

Esses avanços se deram através de estudos genéticos, que compararam indivíduos de diferentes regiões do mundo. Além disso, foram feitos estudos que buscaram compreender de que modo diferenças genéticas explicam diferenças na aparência e saúde das pessoas. Juntando todas essas informações com nosso conhecimento sobre a evolução, podemos propor hipóteses sobre como a seleção natural atuou na nossa espécie.

Serviço

O quê: Café Científico Anos Darwin – Como a seleção natural atuou na evolução humana – com o professor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), Diogo Meyer.

Quando: amanhã (29), a partir das 18 horas

Onde: Livraria Multicampi LDM, Piedade.

Tuesday, February 05, 2008

Café Científico Especial – Ano Darwin
29 de Fevereiro de 2008 (sexta-feira) – 18:00

Como a seleção natural atuou na evolução humana.

por Diogo Meyer do Instituto de Biociências da USP.

O Café Científico acontece a partir das 18 horas, na sede da Livraria Multicampi LDM, Piedade, Centro. A participação no Café é inteiramente gratuita.
Resumo da apresentação do dia 12/02/2008

O Darwinismo chega à Bahia: o caso Domingos Guedes Cabral.

por Ronnie Tavares de Almeida do Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBa.

Quando olhamos para a História da Bahia Imperial, mesmo o observador mais desatento terá grandes possibilidades de se deparar com o nome de uma personalidade baiana que teima em aparecer nas discussões, Domingos Guedes Cabral. Principalmente, porque temos dois homens (pai e filho) que, além de compartilharem o mesmo nome, possuíam as mesmas qualidades combativas: lutaram contra a forma de governo estabelecida, contra a presença da Igreja Católica em assuntos alheios à fé, contra o regime escravocrata, contra o suposto “atraso” em que o país estava mergulhado, contra o tipo de educação disponível no país etc. As batalhas eram diversas e precisavam ser travadas em muitos campos. Esses dois homens estavam dispostos a lutar, algumas vezes com pouco apoio social, pelas idéias que acreditavam. Pretendiam colaborar com a implementação de algumas das mudanças que julgavam indispensáveis para que o Brasil ingressasse no mundo civilizado (leia-se Europeu!!).
Falaremos do segundo Guedes Cabral, médico pela Faculdade de Medicina da Bahia em 1875. Esse personagem protagonizou um dos eventos mais curiosos do mundo acadêmico baiano, teve sua tese de doutoramento recusada pela Faculdade de Medicina, único exemplo que conhecemos durante o período. Pretendemos apresentar um pouco da história de vida desse ator social e problematizar os motivos da recusa de sua tese. Duas explicações normalmente acompanham esse evento da recusa, as duas centradas nas idéias presentes na tese. Para alguns historiadores, o problema ocorreu porque o autor defendeu idéias materialistas, principalmente aquelas oriundas das teorias de Charles Darwin, em um momento em que isso ainda não seria possível no meio acadêmico local; para outros, o problema estava circunscrito à tentativa de Guedes Cabral de buscar provas de que Deus não existia, o que teria despertado a ira da Igreja Católica. Aceitamos em parte essas duas explicações e acrescentaremos outras, conforme poderá ser observado ao longo da apresentação.

Leituras Recomendadas:

ALMEIDA, Ronnie Jorge T. Religião, Ciência, Darwinismo e Materialismo na Bahia Imperial: Domingos Guedes Cabral e a Recusa da Tese Inaugural “Funcções do Cerebro” (1875). Dissertação apresentada ao Mestrado de Ensino, Filosofia e História das Ciências, UFBA/UEFS, Bahia, 2005. Disponível em http://www.fis.ufba.br/dfg/pice/.

Almeida, R. J. T. & El-Hani, C. N. (2007). A Medicina como “Philosophia Social”: Domingos Guedes Cabral e a Tese Inaugural “Funcções do Cérebro” (1875). Revista da SBHC (Brasil) 5(1): 6-33. Disponível em http://www.mast.br/arquivos_sbhc/321.pdf.

BLAKE, Augusto V. Alves Sacramento. Diccionario Bibliographico Brazileiro V.2 Rio de Janeiro : Imprensa Nacional, 1893.

CABRAL, Domingos Guedes. Funcções do Cérebro. Bahia: Imprensa Nacional, 1876, 226p.

COLLICHIO, Terezinha Alves Ferreira. Miranda Azevedo e o Darwinismo no Brasil. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia (ed. da USP), 1988, 166p.
ROMERO, Sylvio. Obra Filosófica, Coleção Documentos Brasileiros. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editôra. (Editora da USP), 1969.

Próximo Evento 12/02/2008 – Terça-Feira - 18 horas

Em comemoração ao dia Darwin, o café científico acontecerá excepcionalmente na terça-feira com o tema:


O Darwinismo chega à Bahia: o caso Domingos Guedes Cabral.

por Ronnie Tavares de Almeida do Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBa.

Thursday, January 17, 2008

Resumo apresentação 14/01/2008

O olhar de um químico sobre as coisas do mundo: ou como as substâncias reagem umas com as outras?

por José Luis de Paula Barros e Silva do Instituto de Química da UFBa

O mundo material nos é tão familiar que costumamos aceitá-lo naturalmente, sem questionamentos. Contudo, os materiais que compõem o mundo têm sido objeto de conjeturas e estudo desde tempos imemoriais. A ciência química e a indústria química atuais são herdeiras dessa longa tradição.
Os conceitos químicos de substância, mistura, átomo e molécula possibilitaram descrever os materiais e suas transformações de modo mais preciso e interpretá-los com maior profundidade, o que facilitou a reprodução dos processos químicos, a síntese artificial de materiais e sua produção em larga escala. Portanto, parece-nos que tais conceitos devam ser amplamente divulgados, possibilitando aos leigos em química uma compreensão mais profunda e precisa dessa dimensão do mundo.
Os materiais podem ser descritos como constituídos por substâncias que se apresentam em estado puro ou em misturas. Substâncias podem transformar-se em outras substâncias, no que se convencionou denominar reação química.
A partir do início do século XIX, desenvolveu-se a noção de que cada substância é composta por átomos indestrutíveis combinados em proporções características. Tal idéia levou à interpretação de uma reação química como uma mudança nas combinações dos átomos presentes nas substâncias iniciais. Então, do ponto de vista macroscópico, os materiais são constituídos por substâncias e as reações químicas são transformações de substâncias. Microscopicamente, as substâncias são constituídas por átomos e moléculas e reações químicas são entendidas como recombinações de átomos.
A aparente simplicidade dessas declarações, que aprendemos na escola, encobre uma grande riqueza conceitual que procuraremos apresentar aos participantes do Café Científico, como um convite à discussão dos fundamentos da química contemporânea.

Saturday, January 12, 2008

Café Científico Salvador apresenta :
O olhar de um químico sobre as coisas do mundo

por Débora Alcântara

O próximo Café Científico, que acontece no dia 14 deste mês, a partir das 18 horas, na Livraria Multicampi LDM, Piedade, faz um convite à discussão sobre os fundamentos da química contemporânea. A apresentação do tema ficará a cargo do professor do Instituto de Química da Universidade Federal da Bahia (Ufba), José Luis de Paula e Silva.
A aparente simplicidade do assunto tratado pelas escolas, como as reações das substâncias, encobre, segundo o professor, uma grande riqueza conceitual. "Os materiais que compõem o mundo têm sido objeto de conjecturas e estudo desde tempos imemoriais. A ciência e a indústria química atuais são herdeiras dessa longa tradição", informa.
José Luis explica que os conceitos químicos de substância, mistura, átomo e molécula possibilitaram descrever os materiais e suas transformações de modo mais preciso e interpretá-los com maior profundidade, o que facilitou a reprodução dos processos químicos, a síntese artificial de materiais e sua produção em larga escala. "Tais conceitos devem ser amplamente divulgados, possibilitando aos leigos em química uma compreensão mais profunda e precisa dessa dimensão do mundo", defende.
Divulgar como as substâncias reagem umas com as outras de forma mais aprofundada, mas numa linguagem voltada para um público diverso, é justamente o objetivo do Café Científico deste mês. Para adiantar um pouco do assunto, de acordo com José Luis de Paula e Silva, os materiais são constituídos por substâncias que se apresentam em estado puro ou em misturas. "Substâncias – informa – podem transformar-se em outras, o que se convencionou denominar reação química".
A partir do início do século XIX, desenvolveu-se a noção de que cada substância é composta por átomos indestrutíveis combinados em proporções características. Tal idéia levou à interpretação de uma reação química como uma mudança nas combinações dos átomos presentes nas substâncias iniciais. "Do ponto de vista macroscópico, os materiais são constituídos por substâncias e as reações químicas são transformações de substâncias. Já microscopicamente, as substâncias são constituídas por átomos e moléculas e reações químicas são entendidas como recombinações de átomos", explica o professor.
Desde setembro de 2006, o Café Científico Salvador vem contribuindo com a popularização da ciência, levando a um público heterogêneo, num clima descontraído, o que é tratado no espaço acadêmico. O evento é uma iniciativa do programa de Pós-graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências das Universidades Federal e Estadual da Bahia (Ufba e Uefs) e da Livraria Multicampi LDM. As sessões fazem parte do padrão
Café Scientifique , uma rede mundial, que já conta com quase duas centenas de cafés espalhados pelo mundo.
Inteiramente gratuito, o Café não necessita de inscrição e ocorre na segunda semana de cada mês, sempre às segundas-feiras, às 18 horas.

Indicações para leitura da sessão de janeiro:

BENSAUDE-VINCENT, Bernadette; STENGERS, Isabelle. História da química. Lisboa: Instituto Piaget, 1996.
FARADAY, Michael. História química de uma vela e As forças da matéria. Rio de Janeiro: Contraponto, 2003.
HOFFMANN, Roald. O mesmo e o não mesmo. São Paulo: Ed. Unesp, 2007.

Serviço:

O quê: Café Científico Salvador: O olhar de um químico sobre as coisas do mundo.
Quando: 14 de janeiro, a partir das 18 horas.
Onde: LDM – Livraria Multicampi, Rua Direita da Piedade, 20, Piedade.
Contato: Imprensa (Débora Alcântara – ** 71 8805-6292), Coordenação do Café (Charbel El-Hani - ** 71 3283-6568), LDM (Produtor Cultural - Vagner Rocha - ** 71 2101-8000).

Thursday, December 06, 2007

Resumo da apresentação do dia 10/12/2007

A mente está cada vez mais fora do corpo: sobre artefatos cognitivos e semióticos.

Por João Queiroz do Intituto de Biologia da UFBa.

João Queiroz (IB-UFBA) [www.semiotics.pro.br] explorará a tese de que a mente e a cognição humana são produto direto da construção e manipulação de artefatos semióticos, ou seja, de artefatos que permitem a ação mediada por signos. Trata-se de uma novidade entre cientistas cognitivos, cuja popularização se deve principalmente a um livro recente de Andy Clark, intitulado "Natural-born Cyborgs". Para Clark, seres humanos são uma espécie de "ciborgues inatos", que constroem um nicho cognitivo, tornando-se um tipo de simbionte tecnológico, cuja mente-corpo se encontra distribuída no espaço em queestá imersa. João Queiroz reinterpreta a tese de Clark, ao enfatizar características explicitamente semióticas dos artefatos e das tecnologias empregadas pelo homem, desde a linguagem verbal com propriedades simbólicas até as notações formais baseadas em diagramas, mapas etc.
Próximo Evento 10/12/2007 – 18 horas

A mente está cada vez mais fora do corpo: sobre artefatos cognitivos e semióticos.

Por João Queiroz do Intituto de Biologia da UFBa.

Tuesday, October 30, 2007

Próximo Evento 12/11/2007 – 18 horas


Evolução do comportamento sexual nos animais.

Por Aldo Malavasi – Professor Titular de Genética e Evolução (aposentado) do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociência da USP. Atualmente Presidente da Organização Social Biofábrica Moscamed Brasil em Juazeiro, Bahia e morador em Salvador desde início de 2005 .

Thursday, September 27, 2007

Resumo da apresentação do dia 08/10/2007

Comportamento de primatas não-humanos e comportamento humano: Entendendo semelhanças para compreender melhor as diferenças.

Por Charbel Niño El-Hani do Instituto de Biologia da UFBa

Quando tentamos compreender a natureza e origem da espécie humana, dois erros são fatais: primeiro, a idéia de uma descontinuidade completa, como se houvesse um abismo entre nossa espécie e os demais animais. O pensamento evolutivo é a base de todo o conhecimento biológico, a tal ponto que alguém que não pensa evolutivamente ou não aceita a evolução não tem como dizer que conhece biologia ou pensa biologicamente. Entre as teorias da evolução propostas ao longo da história da biologia, as teorias darwinistas são as que têm gozado de maior aceitação entre os cientistas desde a metade do século XIX. De uma perspectiva evolucionista, as espécies estão relacionadas por laços de parentesco ao longo da história da vida na Terra e uma parte significativa de suas características – mas não todas – são produtos de processos graduais de transformação. Assim, não há por que esperarmos que não existam importantes semelhanças – e, logo, continuidades – entre nossas características e as de nossos parentes mais próximos, em particular, chimpanzés, bonobos, gorilas e orangutangos. Não há também fundamentos, sejam teóricos ou empíricos, para sustentar que nossas características tenham surgido de uma só tacada em nossa espécie, Homo sapiens. A maioria da evolução das características que consideramos mais próprias de nossa espécie ocorreu, na verdade, em espécies anteriores à nossa e ao longo de milhões de anos. Parte da aparente descontinuidade que as pessoas imaginam ver entre nossa espécie e os outros animais resulta de não termos espécies de nosso mesmo gênero convivendo conosco, nem espécies de outros gêneros que fizeram parte da história de nosso clado, como os Australopithecus, Kenyanthropus, Paranthropus, Ardipithecus, Sahelanthropus, entre outros. Um segundo erro, contudo, seria postular uma completa continuidade entre nossa espécie e as demais espécies. Como qualquer espécie de animal, nós temos características que nos são próprias, entre elas, uma evidente diferença no grau em que exibimos características como a comunicação simbólica e a produção de cultura (a ponto de podermos dizer que produzimos uma hipercultura). Parece-me, assim, essencial construirmos uma visão da evolução da espécie humana que combine continuidade e descontinuidade, elucidando como mudanças contínuas, graduais em características de nossos ancestrais resultaram na emergência de novidades qualitativas em nossa espécie, ou seja, mudanças em nossas características que chegaram a alterar nosso modo de evolução. Afinal, é largamente reconhecido que nossa espécie tem se transformado principalmente por um processo de evolução cultural, pelo menos desde a invenção da agricultura. Para construir este retrato mais adequado da evolução humana, devemos deixar de lado a eleição de características que supostamente nos separariam dos demais animais, mas que não sobrevivem a um escrutínio mais cuidadoso do que sabemos sobre eles. Houve época em que se pensava que nós éramos o único animal que produzia ferramentas. Nós não somos. Já se pensou que nós éramos os únicos animais que exibiam comportamento social complexo. Nós também não somos. Ainda hoje, há autores que sustentam que somente nós exibimos comunicação simbólica. Há evidências convincentes de que este não é o caso e as características de nossa linguagem que a diferenciam da linguagem de outros animais dizem respeito mais a questões de grau do que de gênero. É fundamental entender nossas semelhanças para que possamos compreender nossas diferenças em relação a outros animais. Somente assim poderemos construir não somente uma compreensão mais apropriada de nossa natureza, mas também da história evolutiva contingente que resultou em nossa espécie. Exploraremos nessa conversa várias semelhanças que exibimos com outros animais, em particular, com os chimpanzés, mas também mencionando bonobos, gorilas e orangutangos. Veremos como chimpanzés têm sido produtores de ferramentas desde pelo menos 4.300 anos atrás, como eles caçam grandes mamíferos cooperativamente e com divisão de trabalho, como eles se reconhecem no espelho (um teste para desenvolvimento normal da consciência em crianças humanas), como eles lançam campanhas de guerra contra comunidades vizinhas (e exibem, assim, uma triste característica em que nós somos pródigos, matar nossos co-específicos), apresentam comunicação referencial e funcional (possivelmente, simbólica) e são, como nós, animais produtores de cultura.
Próximo Evento

08/10/2007 – 18 horas

Professor Charbel Niño El-Hani do Instituto de Biologia da UFBa - Comportamento de primatas não-humanos e comportamento humano: Entendendo semelhanças para compreender melhor as diferenças.
O Café Científico acontece sempre na segunda semana de cada mês, nas segundas-feiras, a partir das 18 horas, na sede da Livraria Multicampi LDM, Piedade, Centro. A participação no Café é inteiramente gratuita.