Wednesday, January 22, 2014

O CAFÉ CIENTÍFICO VOLTA EM 2014 COM UMA DISCUSSÃO SOBRE EXIBIÇÕES ANTROPOLÓGICAS DOS SÉCULOS XIX E XX, NO CONTEXTO DE UM TRATAMENTO SOBRE O RACISMO CIENTÍFICO.




Café Científico Salvador, 7 de Fevereiro de 2014, 18:00

Local: Auditório da Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris), Rua General Labatut, 27, Barris, Salvador-BA.


ZOOLÓGICOS HUMANOS? EXIBIÇÕES ANTROPOLÓGICAS DOS SÉCULOS XIX E XX
Juanma Sánchez Arteaga (IHAC-UFBA)

Durante todo o século XIX e até quase completar a primeira metade do XX, numerosos países Europeus e Americanos - inclusive o Brasil - organizaram diversas exposições antropológicas de caráter pretensamente «científico», nas quais membros nativos de diferentes comunidades indígenas, especialmente transportados desde suas terras para participar em tais eventos, foram exibidos publicamente com uma intenção educativa. Analisaremos diversas tentativas de popularizar o conhecimento científico em antropologia e biologia humana por meio da exibição de nativos. Normalmente, tais exibições eram organizadas com ambições científicas, tanto para popularização do saber antropológico da época entre o público leigo quanto para fornecer uma oportunidade para o estudo “in vivo” dos nativos por parte de médicos, antropólogos ou especialistas em biologia humana. A animalização dos nativos implícita em muitos desses shows –em ocasiões, realizados em parques zoológicos, e inclusive, em certos casos, com nativos exibidos em gaiolas junto com animais- tem levado a alguns autores a falar de “Zoológicos Humanos”, se bem que a pertinência desse termo seja discutida em meios acadêmicos. Será apresentada uma breve descrição de algumas dessas exibições, especialmente aquelas que na época foram consideradas pelos organizadores e pelo público como sendo de alto interesse científico para a popularização da ciência da época. Trataremos de pôr tais exposições antropológicas em relação com outro tipo de espetáculos contemporâneos que incluíam exibições humanas como principal atração -como os chamados “freaks shows” ou as “exposições missionais” -, assim como  com o discurso científico da biologia humana e da etnocêntrica antropologia física do período considerado. Menção especial será concedida à “Primeira Exposição Antropológica Brasileira” (Rio de Janeiro, 1882), em que foi apresentado ao público carioca um grupo de índios Botocudos, sendo descritos pelos organizadores como representantes brutalizados e semi-bestiais da humanidade nos seus primórdios evolutivos, mais próximos aos primatas do que às supostas “raças superiores” sob muitos aspectos. Trataremos de suscitar algumas reflexões concernentes tanto à popularização da ciência quanto à educação em ciência, em especial quanto aos valores ideológicos subjacentes ao conhecimento científico e aos processos de alterização que tem conduzido à marginalização, estigmatização e inferiorização de numerosos grupos humanos ao longo da história das ciências.

Leituras sugeridas:
-ANDERMANN, Jens. Espetáculos da diferença: a Exposição Antropológica Brasileira de 1882. Topoi - Revista de História, Rio de Janeiro, v.5, p.128-170. Available at: http://www.revistatopoi.org/numeros_anteriores/topoi09/topoi9a6.pdf.
-FERNANDES, Daniela: Exposição relembra shows étnicos com humanos 'exóticos' na Europa. (BBC Brasil) http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/12/111201_galeria_shows_etnicos_df.shtml
- GELEDÉS. INSTITUTO DA MULHER NEGRA Racismo: Exposição em Paris mostra como seres humanos foram exibidos em feiras, circos e zoológicos no fim do século 19. http://www.geledes.org.br/esquecer-jamais/179-esquecer-jamais/12141-racismo-exposicao-em-paris-mostra-como-seres-humanos-foram-exibidos-em-feiras-circos-e-zoologicos-no-fim-do-seculo-19
-LANGER, Johny; RANKEL, Luiz Fernando. A Exposição Antropológica de 1882. Revista Museu, Rio de Janeiro. Available at: http://www.revistamuseu.com.br/artigos/art_.asp?id=4245.
-Revista da Exposicao Anthropologica Brazileira, 1882. MORAES FILHO, Mello (Ed.). Rio de Janeiro: Typographia Pinheiro. 1882. http://www.brasiliana.usp.br/bbd/handle/1918/04016600
- SÁNCHEZ ARTEAGA, Juanma. La antropología física y los «zoológicos humanos»: exhibiciones de indígenas como práctica de popularización científica en el umbral del siglo XX.  Asclepio, Vol 62, No 1 (2010),  http://asclepio.revistas.csic.es/index.php/asclepio/article/viewArticle/305
-SANCHEZ ARTEAGA, Juanma and N. EL-HANI, Charbel. Physical anthropology and the description of the 'savage' in the Brazilian Anthropological Exhibition of 1882. Hist. cienc. saude-Manguinhos [online]. 2010, vol.17, n.2
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-59702010000200008&script=sci_arttext


SCHWARCZ, Lilia M. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil, 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras. 1993.

Sunday, December 08, 2013

O CAFÉ CIENTÍFICO SE DEBRUÇA SOBRE OS TUPINAMBÁS, O PRIMEIRO POVO INDÍGENA QUE OS PORTUGUESES AQUI ENCONTRARAM

Café Científico Salvador, 13 de Dezembro de 2013, 18:00Local: Auditório da Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris), Rua General Labatut, 27, Barris, Salvador-BA.

OS TUPINAMBÁS: COMO VIVIAM E COMO VIVEM HOJE?
Maria Rosário Gonçalves de Carvalho (FFCH-UFBA)

O primeiro registro produzido sobre os Tupinambás ressaltou a sua feição – “pardos, maneira d´avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos” (Pero Vaz de Caminha. Carta a el-rei d. Manuel sobre o achamento do Brasil. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1974) e a nudez dos corpos. O relato do escrivão, preciso e circunstanciado, demonstra, contudo, que a nudez era quebrada pelos adornos labiais, denominados batoques ou tembetás.
De fato, as penas, para os Tupinambás, não apenas ornavam os corpos, mas constituíam signos denunciadores das posições sociais dos seus portadores e fonte de riqueza pessoal: “seus tesouros são penas. Quem as tem muitas, é rico e quem tem cristais para os lábios e faces, é dos mais ricos” (Hans Staden. Duas Viagens ao Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Editora da USP, 1974) 
            Florestan Fernandes, apoiado em grande número de fontes primárias, observa que, por ocasião do começo da colonização portuguesa na Bahia, os Tupinambás dominavam extensas áreas territoriais. Toda a zona costeira, do São Francisco até junto dos Ilhéus, estava sujeita ao domínio dos grupos locais Tupinambás.
As relações entre eles não eram “uniformemente amistosas”. Os moradores da região compreendida entre os rios Real e São Francisco eram inimigos dos que moravam “daí para baixo”. Na “Bahia”, os que moravam do lado da cidade eram inimigos dos que povoavam a zona contígua, delimitada pelo rio Paraguaçu, Sergipe, Ilha de Itaparica, rio Jaguaripe, Ilha Tinharé, e as costas dos Ilhéus De todo modo, Gabriel Soares de Souza assinala que as dissensões ocorreram antes da chegada dos colonizadores, que delas se beneficiariam.
            A sessão de 13 de dezembro de 2013 do Café Cientifico versará sobre os Tupinambás coloniais – conferindo atenção às suas relações domésticas; ao ideal masculino guerreiro; à posição social das mulheres; ao fundamento gerontocrático do sistema sociocultural; aos movimentos migratórios; e aos  rituais, entre outros aspectos -- e contemporâneos que, nos anos 1990, retomaram o seu etnônimo e passaram a reivindicar os direitos a que fazem jus.

Friday, December 06, 2013

O QUE AS AVES PODEM NOS DIZER SOBRE OS PROCESSOS EVOLUTIVOS NAS FLORESTAS SUL-AMERICANAS?

VENHA SABER NO CAFÉ CIENTÍFICO!


Café Científico Salvador, 21 de Novembro de 2013, 18:00
Local: Auditório da Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris), Rua General Labatut, 27, Barris, Salvador-BA.

PROCESSOS EVOLUTIVOS NAS FLORESTAS DA AMÉRICA DO SUL: O QUE AS AVES NOS CONTAM

Henrique Batalha Filho (Instituto de Biologia, UFBA)

A biogeografia é uma ciência que procura entender como os organismos estão distribuídos geograficamente, tanto no passado como no presente, e quais eventos ocorridos na Terra, tanto no passado quanto no presente, foram responsáveis pela distribuição que observamos atualmente. As florestas da Amazônia e da Mata Atlântica estão entre os ecossistemas com os maiores índices de biodiversidade do mundo, e estão separadas pela diagonal de áreas abertas da América do Sul, que é formada pelos biomas Chaco, Cerrado e Caatinga. Uma das questões que surge sobre a biogeografia histórica destas florestas é como e quando surgiu tamanha biodiversidade. Acredita-se que boa parte de sua diversificação teria ocorrido em um período bastante recente, o Quaternário, com destaque para o Pleistoceno (últimos 1,8 milhões de anos). Isso porque durante o Pleistoceno o planeta passou por muitos ciclos glaciais e interglaciais, durante os quais as geleiras continentais avançaram e recuaram, o que teria provocado fragmentação nas distribuições geográficas de uma série de organismos. Neste cenário as espécies teriam evoluído em Refúgios Florestais de matas úmidas. Entretanto, estudos recentes têm questionado esta hipótese, e fazendo com que outras teorias ganhassem destaque na evolução da biodiversidade das principais florestas da América do Sul, tais como o possível envolvimento de rios, de gradientes ecológicos e de eventos tectônicos. Nesta palestra serão abordadas as principais teorias sobre a diversificação das espécies da Amazônia e Mata Atlântica. Além disso, será mostrado como que estudos sobre a origem e evolução de Aves que vivem nestas florestas têm auxiliado na compreensão dos processos evolutivos que ocorreram nesses biomas.

Leituras sugeridas:
Batalha-Filho H. 2012. Padrões e processos de diversificação em aves da Amazônia e da Mata Atlântica. Tese de doutorado, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo. http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41131/tde-08032013-090338/pt-br.php
Batalha-Filho H., Miyaki C.Y. 2011. Filogeografia da Mata Atlântica. Revista da Biologia, v. 7, p. 31-34. http://www.ib.usp.br/revista/node/80
Bicudo F., Guimarães M. 2013. Voo direto. Revista Pesquisa Fapesp. Edição 210, p. 48-51. http://revistapesquisa.fapesp.br/2013/08/13/voo-direto/
Haffer J. 1992. Ciclos de tempo e indicadores de tempos na história da Amazônia. Estudos Avançados, 6: 7-39.
Haffer J., Prance G.T. 2002. Impulsos climáticos da evolução na Amazônia durante o Cenozóico: sobre a teoria dos Refúgios da diferenciação biótica. Estudos Avançados, 16: 175-206.
Haseyama K.L.F., Carvalho C.J.B. 2011. Padrões de distribuição da biodiversidade amazônica: um ponto de vista evolutivo. Revista da Biologia, v. 7, p. 35-40. http://www.ib.usp.br/revista/node/81



Friday, October 11, 2013

CAFÉ CIENTÍFICO DISCUTE OS DESAFIOS ENFRENTADOS NA TENTATIVA LOCAL E GLOBAL DE CONSERVAR OS RECIFES DE CORAL, TÃO IMPORTANTES PARA A VIDA MARINHA



Café Científico Salvador, 25 de Outubro de 2013, 18:30Local: Auditório da Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris), Rua General Labatut, 27, Barris, Salvador-BA.
Recifes de coral: Desafios locais e globais de conservação

Zelinda M. A. N. Leão (UFBA / IGEO / RECOR / INCT-AmbTropic)


RECIFES DE CORAL – DESAFIOS LOCAIS E GLOBAIS DE CONSERVAÇÃO

Zelinda M. A. N. Leão (UFBA / IGEO / RECOR / INCT-AmbTropic)

Os recifes de coral vivem nos mares tropicais do mundo numa faixa dos oceanos entre as latitudes de 30°N e 30°S, onde a temperatura das águas não varia muito, e é sempre superior a 20°C. Eles constituem o mais diverso e mais produtivo dos ecossistemas marinhos costeiros, contendo as maiores reservas da biodiversidade dos mares. Fornecem alimento e são a principal fonte de recursos para centenas de milhares de pessoas que vivem nas regiões tropicais do planeta, formando um ecossistema natural único, com grande valor científico, econômico e social. O processo de vida nos recifes de coral é extremamente complexo devido ao alto grau de interdependência entre seus organismos. Esta relação entre os vários componentes do ecossistema torna-o muito frágil e suscetível aos impactos que afetam o ambiente. Os recifes são formados por corais que existem há cerca de 250 milhões de anos. Embora eles tenham sobrevivido a grandes flutuações climáticas e catástrofes ao longo da história do planeta, calcula-se que atualmente cerca de 30% dos recifes já estejam severamente danificados, e que dentro de 30 a 40 anos aproximadamente 60% estarão totalmente degradados. Isto deve ocorrer em consequência da ação conjunta do aquecimento global e da depredação dos recursos naturais pelo homem, principalmente devido à sobrepesca e à poluição marinha. No Brasil os recifes de coral se distribuem por cerca de 3.000 km nas costas nordeste e leste, do Maranhão até o sul da Bahia, e são os únicos recifes do Oceano Atlântico Sul. Eles são especiais pela sua forma de crescimento, pois crescem a partir de uma estrutura única, chamada de "chapeirão", que são colunas isoladas com a forma de cogumelo - a base estreita e o topo expandido como se fosse a aba de um grande chapéu. Das mais de 300 espécies de corais existentes no mundo, apenas cerca de 20 espécies vivem nos recifes brasileiros, das quais 18 são encontradas em Abrolhos que é a mais rica área de recifes do Brasil, e cerca de 40% destas espécies são endêmicas das águas brasileiras. Os corais são extremamente sensíveis às oscilações da temperatura da água do mar. Um aumento pequeno pode provocar o branqueamento do coral que é a perda das suas algas simbiontes, as zooxantelas, deixando visível o seu esqueleto calcário branco daí o nome de branqueamento. O branqueamento compromete a capacidade de reprodução, o crescimento e a taxa de calcificação do esqueleto dos corais e, consequentemente, o desenvolvimento dos recifes como um ecossistema de alta biodiversidade. Até o presente os corais brasileiros têm resistido aos fortes eventos de branqueamento. O último evento ocorreu no verão de 2009/2010 quando anomalias térmicas, decorrentes do fenômeno El Niño, foram a principal causa da ocorrência de corais branqueados em toda a costa do Brasil. Há um consenso mundial quanto à necessidade de se promover o manejo e a conservação dos recifes de coral, e o Brasil não é exceção. As unidades de conservação no Brasil estão distribuídas por todo o seu litoral e abrange quase todas as ilhas oceânicas do país, apresentando um sistema amplo, com diferentes categorias de manejo nos três níveis de governo, federal, estadual e municipal. Estas diferentes categorias surgem de acordo com estudos e demandas comunitárias conforme as características e as alternativas locais para a conservação dos recursos naturais do ecossistema. E essas áreas protegidas são consideradas como a mais poderosa ferramenta para a conservação dos recifes de coral.

Sugestão de leitura:
Atlas dos Recifes de Coral nas Unidades de Conservação Brasileiras. Ministério do Meio Ambiente. SBF 2006.
Leão ZMAN, Kikuchi RKP, Oliveira MDM. Branqueamento de corais nos recifes da Bahia e sua relação com eventos de anomalias térmicas nas águas superficiais do oceano. Biota Neotrop. 8: 69-82, 2008.
Leão Z.M.A.N. Abrolhos - O complexo recifal mais extenso do Oceano Atlântico Sul. In: Schobbenhaus C., Campos D.A., Queiroz E.T., Winge M., Berbert-Born M., (Ed.), Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil. 1999. Publicado na Internet no endereço http://www.unb.br/ig/sigep/sitio090/sitio090.htm
Poggio C, Leão Z, Mafalda-Junior P. Registro de branqueamento sazonal em Siderastrea spp nas poças intermareais do Recife de Guarajuba, Bahia, Brasil. Interciencia 34: 502-506, 2009
Ferreira, B. P. & M. Maida. Monitoramento dos recifes de coral do Brasil – situação atual e perspectivas. Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Biodiversidade e Florestas, Brasília, 116 pp, 2006
Guia Internet dos corais e hidrocorais do Brasil. http://www.cpgg.ufba.br/guia-corais/
Kikuchi. R.k.P., Atol das Rocas. In: Schobbenhaus C., Campos D.A., Queiroz E.T., Winge M., Berbert-Born M., (Ed.), Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil. 1999. Publicado na Internet no endereço http://www.unb.br/ig/sigep/sitio030/sitio030.htm
Leão, Z., Kikuchi, R., Amaral, F., Oliveira, M., Costa, C. Tesouros agonizantes. Scientific American Brasil. Oceanos, vol 3, p. 74 – 82. 2009. www.sciam.com.br




Wednesday, September 11, 2013

CAFÉ CIENTÍFICO DISCUTE DESENVOLVIMENTO INFANTIL EM SITUAÇÕES ADVERSAS E DE RISCO NA PERIFERIA DE SALVADOR E MELHORIAS ATRAVÉS DA ARTE!




Café Científico Salvador, 13 de Setembro de 2013, 18:30
Local: Auditório da Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris), Rua General Labatut, 27, Barris, Salvador-BA.
Desenvolvimento infantil em situações adversas: das situações de risco à intervenção através da arte

José Eduardo Ferreira Santos (Instituto de Psicologia, UFBA, Programa Nacional de Pós - Doutorado - PNPD)

Diversas têm sido as situações de risco em relação à infância e adolescência que vivem em situações adversas, caracterizadas pelas condições de risco e mesmo a existência de violência e negligência. Privadas de direitos fundamentais e expostas às situações de vulnerabilidade, crianças e adolescentes sofrem cotidianamente com as condições de risco existentes nos mais diversos contextos sociais. Em pesquisas realizadas sobre o desenvolvimento de adolescentes na periferia de Salvador (Santos, 2005, 2010, 2013), encontramos uma miríade de situações que se constituem em recorrentes danos ao desenvolvimento humano, dentre eles: maus tratos, negligência, abandono, inserção em trajetórias de marginalização, tráfico de drogas, assim como a violência em suas diversas manifestações - doméstica - física,  sexual, psicológica e negligências - e estrutural (Minayo, 2002). Decerto essas situações provocam danos ao processo de desenvolvimento e muitas vezes também essas crianças e adolescentes são privados no direito de encontro com a arte e a cultura, dimensões importantes para o estabelecimento de projetos de vida e acesso a um universo simbólico que pode contrapor-se e, ao mesmo tempo, possibilitar a superação das adversidades. Neste sentido, propomos que profissionais e instituições que lidam com a infância e adolescência em situações adversas possam contar com os recursos simbólicos presentes na arte para possibilitar novas significações  nas trajetórias de desenvolvimento, conforme temos desenvolvido na periferia de Salvador, em Novos Alagados, Plataforma, ao propor o encontro de crianças e adolescentes com a arte produzida na periferia através do Acervo da Laje, um espaço com centenas de obras artísticas e históricas, cujo objetivo é analisar os impactos da arte como possibilidade de intervenção frente às situações adversas, cuja fundamentação teórica remete à Psicologia Cultural (Valsiner, 2012).

Para saber mais:

Minayo, Maria Cecília de Souza. O significado social e para a saúde da violência contra crianças e adolescentes. In Westphal, Marcia Faria (Org.). Violência e criança. São Paulo: EDUSP, 2002, p. 95 -114.
Santos, José Eduardo Ferreira. Travessias: a adolescência em Novos Alagados. Bauru, São Paulo: EDUSC, 2005.
Santos, José Eduardo Ferreira. Cuidado com o vão: repercussões do homicídio entre jovens da periferia. Salvador: Edufba, 2010.
Santos, José Eduardo Ferreira. Nascente da beleza. São Paulo: Scortecci, 2013.
Valsiner, Jaan. Fundamentos da Psicologia Cultura. Tradução Ana Cecília de Sousa Bastos. Porto Alegre: Artmed, 2012.

Tuesday, July 16, 2013

Café Científico Salvador aborda o principal modo de vida das bactérias, os biofilmes, com implicações ambientais e médicas que a maioria das pessoas ainda desconhece!

Café Científico Salvador, 19 de Julho de 2013, 18:00

Local: Auditório da Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris), Rua General Labatut, 27, Barris, Salvador-BA.

Biofilmes bacterianos e sua importância médica e ambiental

Paula Ristow (Laboratório de Biologia Molecular Carmen Lemos, Instituto de Biologia/UFBA)

Os biofilmes são considerados o principal modo de vida de procariotos. Ou seja, bactérias vivem em comunidades multicelulares e não como organismos unicelulares de vida livre, como se acreditava anteriormente. Biofilmes são comunidades de microrganismos aderidos a superfícies bióticas ou abióticas, envoltos por uma matriz extracelular produzida pelos próprios microrganismos associados, que os protege de condições desfavoráveis no ambiente ou em hospedeiros. Ubíquos, os biofilmes ocorrem na naturalmente em rios, lagos, e nos ancestrais estromatólitos. Na indústria, principalmente de processamento de alimentos, representam impactos sanitários e econômicos, por desenvolverem-se em canalizações, onde há suporte e disponibilidade de água e nutrientes.

Na área médica, os biofilmes bacterianos estão associados a doenças infecciosas crônicas, sendo a colonização pulmonar por Pseudomonas aeruginosa na fibrose cística um clássico exemplo. Neste caso, a formação de biofilme está associada à maior resistência ao tratamento antibiótico e maior taxa de letalidade. Os biofilmes de Staphylococcus aureus e Escherichia coli estão implicados em doenças nosocomiais, colonizando feridas cirúrgicas e implantes médicos, como próteses, sondas e cateteres. Na colonização de reservatórios animais, o biofilme de Yersinia pestis em pulgas favorece a transmissão da peste bubônica aos hospedeiros. Estabelecemos previamente que Leptospira, a bactéria causadora da leptospirose, forma biofilmes. A leptospirose é uma zoonose endêmica no Brasil e estudos estão em andamento para compreender o papel do biofilme in vitro e in vivo no contexto desta doença.

PARA LER MAIS
Ristow, P. & Lilenbaum, W. 2010. Leptospirose: Atualização e perspectivas. Microbiologia em Foco 11: 17-27. Disponível gratuitamente em:
http://sbmicrobiologia.org.br/PDF/infoco11.pdf

Ristow, P.; Bourhy, P.; Kerneis, S.; Schmitt, C.; Prevost, M.-C.; Lilenbaum, W. & Picardeau, M. 2008. Biofilm formation by saprophytic and pathogenic leptospires. Microbiology 154: 1309-1317.
Disponível gratuitamente em:
http://mic.sgmjournals.org/content/154/5/1309.full.pdf+html


Tuesday, June 25, 2013

Café Científico Salvador aborda os problemas urbanos da cidade de Salvador

Café Científico Salvador, 5 de Julho de 2013, 18:00

Local: Auditório da Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris), Rua General Labatut, 27, Barris, Salvador-BA.

Desafios da cidade: Que urbanismo?

Ana Fernandes (Faculdade de Arquitetura/UFBA)

Do ponto de vista do direito à cidade e da urbanidade, é desastroso atravessar uma conjuntura de crescimento econômico, particularmente aquela ancorada em acelerada expansão da construção civil e da indústria automobilística, sem que se configure como eixo condutor das ações públicas e privadas um aparato de regulação do uso do espaço calcado no interesse coletivo e no descortínio de novas formas de desenvolvimento social.

Salvador vive hoje em meio a um caos de gestão, de produção de espaço e de imobilidade. Um caso exemplar – no negativo – do processo de construção de uma plataforma territorial “amigável” para as corporações dedicadas aos investimentos citadinos: imobiliário, transportes urbanos, turismo ou infraestrutura. Regula-se caso a caso, a depender da demanda. Fragmentação e privatização são as palavras de ordem da ação pública sobre o território.

PARA LER MAIS
1- FERNANDES, Ana “Consenso sobre a Cidade?” in BRESCIANI, Maria Stella (org) PALAVRAS DA CIDADE. Porto Alegre: Editora da UFRS, 2001

2- FERNANDES, Ana “Urbanismo Contemporâneo no Brasil: entre o negócio e o direito” in PINHEIRO MACHADO, Denise, PEREIRA, Margareth, SILVA, Rachel (orgs.) URBANISMO EM QUESTÃO. Rio de Janeiro: Editora PROURB, 2003

3- FERNANDES, Ana "Cidade Cindida: questões para debate" Colóquio Internacional Desafios Urbanos no Brasil e na África do Sul: Construindo uma Agenda para a Cooperação em Ensino e Pesquisa. Rio de Janeiro, 9 a 12 de setembro de 2007


4- FERNANDES, Ana "Salvador, PDDU 2008: Agonia do Espaço Público" Terra Magazine, março 2008, disponível em http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI2705302-EI6578,00.html

Monday, April 29, 2013

Café Científico Salvador trata da emergência e reemergência de doenças em tempos de transição demográfica e alterações ambientais

Café Científico Salvador, 1o de Maio de 2013 - 18:00

Local: Auditório da Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris), Rua General Labatut, 27, Barris, Salvador-BA.






Transição Demográfica, Alterações Ambientais e Emergência e Re-Emergência de Doenças


Mitermayer Galvão dos Reis (FIOCRUZ)

Nos dias atuais, com a transição demográfica da população do campo e das pequenas cidades para os grandes centros urbanos, têm sido observadas ocupações desordenadas dos espaços geográficos, com ênfase nas áreas de remanescentes de mata, parques ou áreas de proteção ambiental, com o aparecimento de comunidades vivendo sem infra-estrutura adequada, sem arruamento, esgoto, água potável e pouco acesso à educação e à informação. Estes fatores, associados às condições sanitárias insuficientes, criam as condições propicias para re-emergência de doenças parasitárias, dentre elas a doença de Chagas, Esquistossomose, Leptospirose, e ao aumento da prevalência de doenças crônicas, degenerativas, câncer e da violência.

Thursday, April 18, 2013

Em Abril de 2013, Café Científico Salvador enfoca consumo consciente.


Café Científico Salvador, 19 de Abril de 2013 - 18:00

Local: Auditório da Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris), Rua General Labatut, 27, Barris, Salvador-BA.

EXTERNALIDADES E CONSUMO CONSCIENTE

Henrique Tomé da Costa Mata

(Faculdade de Ciências Econômicas, UFBA)

Friday, March 15, 2013

Análise de programas de TV como produto cultural é o assunto do Café Científico Salvador de Março de 2013


Café Científico Salvador, 22 de Março de 2013 - 18:00

Local: Auditório da Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris), Rua General Labatut, 27, Barris, Salvador-BA.



ANÁLISE DE COMUNICAÇÃO E CULTURA: PROGRAMAS DE TELEVISÃO

Itania Maria Mota Gomes

(Faculdade de Comunicação, UFBA)


A importância que a televisão assume no Brasil ainda não produziu, como resultado, o desenvolvimento de métodos de análise adequados de seus produtos. O mais freqüente é que a televisão seja tomada a partir de abordagens mais gerais, macroeconômicas, históricas ou sociais, e que o programa televisivo, enquanto um produto cultural com certas especificidades, seja deixado de lado. Na maior parte dos casos, os estudos que tomam a televisão como seu objeto de investigação, ainda que considerem seus produtos, tendem a se dispersar em direção a outros objetos de análise, afastando-se da análise dos programas efetivamente produzidos e veiculados. A pouca ênfase nos produtos televisivos, tomados eles mesmos como objeto empírico, tem resultado numa certa fragilidade teórica e metodológica quando se trata de descrever, analisar, interpretar os modos de funcionamento, as especificidades, as características do programa televisivo.

O encontro Café Científico terá como objetivo mostrar a importância da análise de produtos midiáticos, tomando como objeto programas televisivos. Será dada ênfase aos conceitos de gênero midiático, modo de endereçamento, estrutura de sentimento, formação discursiva. O encontro se realizará a partir da exibição e análise de programas televisivos, problematizando as relações entre televisão e cultura popular; televisão e entretenimento; hibridização e qualidade dos produtos televisivos.


Para ler mais:
GOMES, Itania Maria Mota (Org.). Gênero televisivo e modo de endereçamento no telejornalismo, Salvador, Edufba, 2011. Disponível em http://www.repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/1585

GOMES, Itania Maria Mota. “Gênero televisivo como categoria cultural: um lugar no centro do mapa das mediações de Jesús Martín-Barbero” in Revista Famecos. Mídia, cultura e tecnologia, Porto Alegre, v. 18, n. 1, p. 111-130, jan./abr. 2011. Disponível em http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/viewFile/8801/6165

GOMES, Itania Maria Mota. “O que é o popular no jornalismo popular” in FREIRE FILHO, João; GRANJA COUTINHO, Eduardo; e PAIVA, Raquel (orgs.). Mídia e Poder: Ideologia, Discurso e Subjetividade, Rio de Janeiro, Ed. Mauad X, 2008;

GUTMANN, Juliana. FERREIRA, Thiago Emanoel & GOMES, Itania Maria Mota. “Eles estão à solta, mas nós estamos correndo atrás. Jornalismo e entretenimento no Custe o que Custar”, Revista e-compós, Vol. 11, nº2 maio-agosto de 2008; (http://www.compos.org.br/seer/index.php/e-compos/article/view/331/286 )

GOMES, Itania Maria Mota. “Questões de método na análise do telejornalismo: premissas, conceitos, operadores de análise” in Revista e-compos, edição 8, abril de 2007; (http://www.compos.org.br/seer/index.php/e-compos/article/view/126/126 )
No site do Grupo de Pesquisa em Análise de Telejornalismo (www.telejornalismo.facom.ufba.br),  é possível encontrar quase toda a produção científica da palestrante, além das monografias, dissertações e teses por ela orientadas.
Café Científico UFBA recebe o renomado geógrafo David Harvey


Tema: Para entender O Capital

Conferencista: David Harvey (City University of New York). Comentários de Jorge Almeida e mediação de Charbel Niño El Hani.

Data: 26 de março
Horário: às 17h
Local: Salão Nobre da Reitoria da UFBA
Endereço: Avenida Araújo Pinho, 265 – Canela

REALIZAÇÃO: Pró-Reitoria de Extensão Universitária da UFBA, Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências (UFBA/UEFS), LDM – Livraria Multicampi e Boitempo Editorial
APOIO: UFBA, Pró-Reitoria de Extensão Universitária (PROEXT) e Fundação Lauro Campos
Os telefones celulares e seus riscos à saúde são tema do Café Científico Salvador


Café Científico Salvador, 8 de Março de 2013 - 18:00

Local: Auditório da Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris), Rua General Labatut, 27, Barris, Salvador-BA.
SAÚDE

Cláudio Enrique Fernandez Rodrigues
(IFRS, UFRGS)

Nos últimos vinte anos a telefonia celular tem alcançado uma presença dominante na nossa sociedade. No Brasil, assim como em muitos outros países, o número de telefones já ultrapassa o número de pessoas, e a venda de aparelhos e instalação de novas estações de radiobase continua crescendo. A chegada de uma nova geração tecnológica, o 4G, provoca alterações na canalização e propostas de alterações regulatórias, inclusive um Projeto de Lei federal (PLS 293/2012 ) que, entre outras coisas, restringe a autonomia dos municípios para legislar sobre paisagem e saúde, quando associadas à telefonia celular. Este PL corresponde a uma ótica desenvolvimentista e de desregulamentação e na discussão do mesmo não se valorizam outras experiências legislativas que têm por princípio um maior controle público das emissões de ondas eletromagnéticas visando fornecer maiores garantias à população frente aos riscos à saúde, decorrentes do uso do aparelho e da presença de instalações de telefonia celular. Cabe discutir o real impacto à saúde e a oportunidade de mudanças na certificação de aparelhos, por exemplo, com o uso de simulação computacional, alem das medições


Thursday, February 07, 2013

Café Científico discute papel da pesquisa ecológica no enfrentamento de problemas ambientais





Casando teoria e prática ecológica com a resolução de problemas

Café Científico Salvador, 22 de Fevereiro de 2013 - 18:00

Local: Auditório da Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris), Rua General Labatut, 27, Barris, Salvador-BA.

ECOLOGIA E PROBLEMAS AMBIENTAIS - UM CASAMENTO QUE PODE DAR CERTO

Eduardo Mariano
(Instituto de Biologia, UFBA)

A crescente conversão das áreas de floresta em ambientes de uso humano tem levado ao colapso de sistemas naturais originais, com implicações diversas tanto para a biota quanto para os humanos que dependem da biodiversidade e de seus serviços. Porém, o entendimento dos padrões de resposta dos sistemas naturais às modificações provocadas pelas ações diretas do homem, ou em decorrência destas, é de importância capital para a elaboração de estratégias para a conservação e restauração dos recursos naturais e dos serviços dos ecossistemas. Esforços no sentido de gerar conhecimento sobre o assunto e passá-los aos tomadores de decisão tem sido feitos pelo projeto INOMEP/PRONEX há algum tempo com alguns resultados interessantes no Estado. Neste sentido, nossas atividades de pesquisa empírica tem se concentrado em algumas linhas relativas a 1) como se dá a perda de diversidade em função das modificações provocadas pelo homem, 2) quais alternativas para mitigar estes efeitos, 3) quais as escalas de atuação são mais adequadas para o planejamento de ações de conservação ou restauração de sistemas naturais, 4) como colaborar com políticas estaduais a fim de modificar as praticas dos órgãos licenciadores, fiscalizadores e executores das políticas ambientais, usando as informações de pesquisas cientificas geradas no Estado e adequadas para realidades locais. Os resultados destas pesquisas visam também subsidiar o planejamento do uso e ocupação do solo, assim como eventuais ações de restauração, e têm sido divulgadas em diversas ações e disciplinas de extensão universitária junto aos diversos órgãos ambientais atuantes no Estado da Bahia. Dentre os resultados até agora obtidos destacamos a inclusão do planejamento em escala da paisagem em projetos e políticas de conservação, inclusão do conhecimento sobre dinâmica de florestas e das relações entre perda de hábitat e biodiversidade nos projetos de restauração e também a efetivação de comunidades de prática, contando com estudantes de pós-graduação, técnicos ambientais e pesquisadores, na elaboração de projetos de restauração e instrumentos normativos. Apesar do avanço da capacidade técnica, a interação com os órgãos tomadores de decisão e elaboração de políticas estaduais ainda está concentrada em fases de remediação de impactos. Ainda há um caminho a ser trilhado até que o conhecimento ecológico e a análise em escala de paisagem sejam incorporados ao planejamento no Estado.


Monday, January 07, 2013

Café Científico Salvador discute a inserção e o papel da tecnologia na escola

Café Científico Salvador, 11/01/2013 - 18:00

Local: Auditório da Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris), Rua General Labatut, 27, Barris, Salvador-BA.

TECNOLOGIA, CIÊNCIAS E A ESCOLA: FERRAMENTA, METODOLOGIA OU CONTEÚDO?

Amanda Amantes
(FACED-UFBA)



Apresenta-se uma discussão e reflexão sobre a inserção da tecnologia na escola a partir de três parâmetros: como ferramenta para exposição de conteúdo, como metodologia para a aprendizagem e como conteúdo incorporado nas aulas de Ciências. O foco será estabelecer um diálogo sobre o que é tecnologia e como ela vem sendo trabalhada nas escolas de maneira geral. Tendo em vista as discussões no meio acadêmico sobre a relação entre Ciência e Tecnologia, uma breve reflexão será proposta no sentido de avaliar as potencialidades e limites de integração dos conteúdos desses dois domínios, assim como as consequências e resultados esperados quando essa abordagem é realizada. Enfim, a proposta é, além de discutir aspectos com os quais estamos lidamos atualmente no âmbito escolar no que diz respeito à inserção da tecnologia, levantar outras questões sobre como, quando e até que ponto utilizar tecnologia nas suas diferentes perspectivas para potencializar o processo de ensino-aprendizagem.

Algumas Referências:
AMANTES, A. Contextualização no ensino de Física: feito sobre a evolução do entendimento dos estudantes. Tese de doutorado, UFMG, 2009, 275p.
BYBEE, Rodger. The Sisyphean Question in Science Education: What should the Scientifically and Technologically Literate Person Know, Value and Do-as a Citizen? In: BYBEE, Rodger (Ed.). Science-Technology-Society.Washington, DC: National Science Teachers Association, 1985.
MORTIMER, E. F; SANTOS, W. L. P. Uma análise de pressupostos teóricos da abordagem CTS (Ciência- Tecnologia-Sociedade) no contexto da educação brasileira. Ensaio: Pesquisa em Educação em Ciências, Belo Horizonte, v. 2, n. 2, p. 133-162, 2000.
OLIVEIRA, Fábio Ferreira de; VIANNA, Deise Miranda. O ensino de Física Moderna, com enfoque CTS: um tópico para o Ensino Médio – Raios X. [Rio de Janeiro]: UFRJ, 2006.
Disponível em: . Acesso em: 05 mar. 2009.
REIS, Maria de Fátima. Educação Tecnológica: A montanha pariu um rato? Tendências e dificuldades da Educação Tecnológica na educação geral, com referência ao contributo das ciências. Portugal, Porto Editora, 1995, 187p.

Friday, December 07, 2012

Café Científico discute a pesquisa arqueológica na Bahia e os seus achados

Café Científico Salvador, 14/12/12 - 18:00

Local: Auditório da Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris), Rua General Labatut, 27, Barris, Salvador-BA.

ATUALIDADE DA ARQUEOLOGIA NA BAHIA

Carlos Etchevarne

(Prof. de Arqueologia, Depto. de Antropologia, FFCH/UFBA)

Matão de Cima, município e Palmeiras, Chapada Diamantina
Sítio de pinturas rupestres

A especificidade da Arqueologia, no conjunto das Ciências Sociais, incide, fundamentalmente, sobre a natureza dos documentos com que o profissional dessa área trabalha, isto é, os vestígios materiais da produção cultural de um grupo humano. Com esta premissa fica implícito que tanto um instrumento em pedra lascada de uma sociedade de caçadores coletores como um artefato saído da cadeia produtiva de uma indústria têm, para o arqueólogo, o mesmo valor documental, na medida em que permitem interpretar aspectos históricos, econômicos ou tecnológicos das sociedades que os produziram.

A Bahia apresenta-se como um vasto território com enorme potencial arqueológico, referente aos três períodos em que convencionalmente se divide a história da ocupação humana em todo o Brasil, ou seja, períodos pré-colonial, colonial e pós-colonial.  Existem no Estado áreas das quais, de maneira sistemática ou de forma eventual, foram feitos registros de sítios arqueológicos. Em outras regiões, ainda que nunca tenham sido visitadas por especialistas, se pressupõe uma grande potencialidade por quanto apresentam condições ambientais já reconhecidas como favoráveis à instalação humana, especialmente no que se refere aos grupos de caçadores coletores ou horticultores pré-coloniais. Assim sendo, pode-se pensar no Estado da Bahia como um verdadeiro celeiro de sítios arqueológicos à espera de pesquisa, preservação e adequada utilização.

A palestra que será apresentada no Café Científico tem por objetivo mostrar um panorama arqueológico geral sobre os resultados alcançados até o presente e mostrar as diretrizes traçadas para efetuar programas de pesquisa, preservação e gestão, em diferentes partes do Estado da Bahia.



Tuesday, November 06, 2012

Café Científico discute apoptose, processo de central importância no metabolismo celular e envolvido em várias doenças

Café Científico Salvador - 22/11/2012 - 18:00

Local: Auditório da Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris), Rua General Labatut, 27, Barris, Salvador-BA.



“Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”: uma visão celular

Valéria Matos Borges (Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz, Fundação Oswaldo Cruz/FIOCRUZ)

A célebre frase de Antoine-Laurent de Lavoisier "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” se adequa muito bem à visão celular do evento conhecido como apoptose, um dos principais tipos de morte celular programada com importantes implicações na homeostasia e desenvolvimento. A apoptose deflagra uma série de reações bioquímicas específicas que culminam na degradação do DNA (ácido desoxirribonucleico).

Por ser um evento chave para o organismo e altamente controlado, distúrbios em sua regulação, como o excesso ou a insuficiência de apoptose, muitas vezes estão implicados no aparecimento de doenças autoimunes, neurodegenerativas, câncer, entre outros. Além disso, a remoção de células mortas no organismo constitui um mecanismo vital nos mecanismos de defesa do hospedeiro e na modulação da resposta inflamatória.

A retirada de células mortas nos tecidos é realizada principalmente por células chamadas ‘macrófagos’ que também atuam como sítios de replicação de vários microorganismos intracelulares. Vários desses microorganismos patogênicos tiram proveito do ambiente anti-inflamatório gerado após a remoção, por fagocitose, de células apoptóticas para escaparem da resposta do sistema imune.
A apresentação desse tema no Café Científico discutirá como nada se perde com a morte celular e como tudo se transforma durante esse intrigante fenômeno biológico.

Para ler mais:
Livro texto: Alberts, B.; Bray, A.; Johnson, A.; Lewis, J.; Raff, M.; Roberts, K. & Walter, P. Biologia Molecular da Célula. 5ª ed. Editora ArtMed, 2010.

Livro texto: Green, D. R. Means to an End: Apoptosis and Other Cell Death Mechanisms. 1. ed. New York: Cold Spring Harbor Laboratory Press, 2011.

Maria de Fátima Horta e John Ding-E Young. Apoptose: Quando a Célula Programa a Própria Morte. Ciência Hoje (150) Jun/1999.

Cavaillon JM. The historical milestones in the understanding of leukocyte biology initiated by Elie Metchnikoff. J Leukoc Biol. 2011 Sep;90(3):413-24.

Devitt A, Marshall LJ. The innate immune system and the clearance of apoptotic cells. J Leukoc Biol. 2011 Sep;90(3):447-57. 

Friday, October 05, 2012

Café Científico Salvador discute uma nova e revolucionária perspectiva sobre o câncer.

Café Científico Salvador - 26/10/2012 - 18:00

Local: Auditório da Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris), Rua General Labatut, 27, Barris, Salvador-BA.

O desenvolvimento do câncer considerado sob uma perspectiva organicista

Susie Vieira de Oliveira (Depto. de Ciências Biológicas, UEFS)



O câncer tem sido, talvez, a patologia mais extensivamente estudada nas últimas décadas, tanto devido à natureza da sua complexidade, quanto por representar um grave problema de saúde pública para as sociedades contemporâneas. Trata-se de um processo multifatorial, que se desenvolve em etapas múltiplas e que é caracterizado, principalmente, por alterações no controle da proliferação e diferenciação celulares.

A descoberta dos oncogenes e dos genes supressores de tumor como entidades envolvidas na regulação dos processos de crescimento, diferenciação e morte celulares, promoveu uma explosão de investigações centralizadas na identificação de genes, dos seus produtos protéicos e das rotas metabólicas relacionadas. Estes esforços culminaram na produção de uma lista numerosa de genes/proteínas que, em seus estados alterados, estão associados a etapas específicas do desenvolvimento neoplásico. Esta relação de especificidade tem resultado, finalmente, na adoção de algumas destas moléculas como marcadores biológicos de aplicação clínica para o diagnóstico, prognóstico e estabelecimento de estratégias terapêuticas.

Apesar da valiosa contribuição destes estudos, é necessário ressaltar que mesmo para as neoplasias mais estudadas, não foi possível, ainda, identificar mutações específicas que possam ser consideradas como necessárias e suficientes para a progressão da doença. A visão de que a simples identificação de mutações específicas e do papel que os seus produtos protéicos alterados desempenham em rotas metabólicas que levam a fenótipos específicos, é baseada em uma noção de especificidade que não leva em consideração o contexto das interações e nem a história desenvolvimental da célula alvo.

A grande maioria dos estudos sobre os fatores que contribuem para o desenvolvimento do câncer é baseada na formulação de perguntas que reduzem a complexidade do processo a um problema celular. A célula é vista como uma entidade quase independente e governada pelos seus genes. Esta abordagem reducionista levanta uma série de questões paradoxais que não poderão ser respondidas, exceto pela adoção de uma perspectiva organicista, isto é, pela compreensão de que as informações obtidas nas pesquisas científicas, especialmente aquelas de natureza quantitativa, devem ser analisadas considerando o organismo, bem como os seus órgãos, tecidos e células como unidades integrativas, e portanto, sujeitas a controles nos diferentes níveis de organização biológica.

Nesta apresentação pretendemos discutir as principais inconsistências encontradas entre os estudos empíricos e a teoria que explica as bases genéticas do câncer, a Teoria da Mutação Somática, vigente há décadas, e amplamente divulgada em publicações científicas e nos livros didáticos. Para tanto, conceitos como níveis hierárquicos de organização biológica, emergência, determinismo e causalidade serão considerados na tentativa de propor novas abordagens que possam explicar o desenvolvimento do câncer.

Para ler mais:
ALBERTS, B  et al. Biologia molecular da célula. Porto Alegre: Artmed. 5a Ed., 2010.
DUESBERG, P. Caos cromossômico e câncer. Scientific American, pág. 60-67, 2007.
EL-HANI, C.N., QUEIROZ, J. Downward determination. Abstracta, 1(2): 162–192, 2005.
PLANKAR, M. et al. On the origin of cancer: Can we ignore coherence? Progress in Biophysycs and Molecular Biology, 106: 380-390, 2011.
ROSSLENBROICH, B. Outline of a concept for organismic systems biology. Seminars in Cancer Biology, 21:156-164, 2011.
SOTO, A.M, SONNENSCHEIN, C. Emergentism as a default: Cancer as a problem of tissue organization. Journal of Bioscience, 30(1): 103-118, 2005.
SONNENSCHEIN, C., SOTO, A.M. Theories of carcinogenesis: An emerging perspective. Seminars in Cancer Biology, 18: 327-377, 2008.