Wednesday, February 28, 2007

Café Científico na Mídia 3 - Correio da Bahia






27/02/2007


Cientista faz palestra em livraria

O Café Científico, uma iniciativa inusitada, vem chamando cada vez mais a atenção da população de Salvador. Uma vez por mês, o público fica cara a cara com um cientista baiano para ouvir e debater temas atuais e recentes pesquisas sobre as mais variadas áreas do conhecimento humano. Ontem, foi a vez dos baianos ouvirem uma palestra sobre fontes alternativas de energia e seus benefícios e impactos sobre a vida de todos nós, ministrada pelo doutor em química Jailson Bittencourt, da Universidade Federal da Bahia (Ufba).
Os encontros, realizados sempre no auditório da LDM - Livraria Multicampi, na Piedade, fazem parte do Programa em Ensino, Filosofia e História das Ciências, da Ufba e da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs). Na platéia, uma diversidade de perfis, de acadêmicos a estudantes e clientes da própria livraria, revela que o interesse sobre a ciência é latente e aparece sempre que estimulado. “É hora da Bahia se orgulhar também de seus cientistas e não apenas da axé music”, afirmou Charbel el-Nani, coordenador do Café Científico. A palestra de ontem, por exemplo, apresentou dados e conjecturas que justificam a necessidade de encontrar novas fontes de energia e diminuir a dependência dos combustíveis fosséis, responsáveis por 70% de toda energia que consumimos.

Sunday, February 25, 2007

Resumo da apresentação do dia 26/02

“Fontes Alternativas de Energia: Seus Benefícios e seus Impactos”

Por Jailson Bittencourt do Instituto de Química da UFBa

Dentre os grandes desafios atuais e futuros da humanidade, Energia e Ambiente ocupam posições de destaque. Vários estudos recentes têm demonstrado que as questões energética e ambiental são os maiores desafios da humanidade na primeira metade do século XXI. O crescimento atual da demanda energética é significativo e não poderá ser suprido apenas pelas atuais fontes, em especial os combustíveis fosseis, ao passo que a queima de petróleo, carvão e gás natural tem contribuído fortemente para o crescimento das concentrações de dióxido de carbono na atmosfera refletindo de forma danosa no clima global do planeta. Ou seja, muitos dos problemas ambientais dependem diretamente da forma como a energia é produzida e/ou usada. Certamente, que outras questões relacionadas com água, alimentos e pobreza desafiam a humanidade e também estão relacionadas com Energia e Ambiente.

Nos próximos 50 anos as necessidades de energia atingirão cerca de 30 a 60 Terawatts e a sustentabilidade ambiental requer que as fontes sejam limpas e de baixo custo. Atualmente, os principais componentes da matriz energética são óleo, carvão e gás natural, que representam mais de 75% da matriz (Figura 1). Estimativas demonstram que em cinqüenta anos estes componentes representarão cerca de 30 % da matriz resultando na necessidade de incremento da produção de energia através de outras fontes, tais como: biomassa, fissão e fusão nuclear, hidroelétrica, geotérmica, eólica e, especialmente, solar.

Figura 1. Matriz energética em 2003.


No cenário energético atual um novo conceito emergiu: “segurança energética”, que significa muito mais do que proteger refinarias e oleodutos contra ataques terroristas, mas sim a capacidade de manter a máquina global funcionando, isto é, produzindo combustíveis e eletricidade suficientes, a preços acessíveis, para que todos os países possam, pelo menos, manter sua economia operando e o seu povo alimentado. No caso das economias emergentes como Brasil, Índia e China a demanda de energia está aumentando tão rápido que pode dobrar até 2020, o que coloca a questão energética e ambiental como uma questão global onde um dos principais desafios é produzir, estocar e transportar combustíveis derivados de biomassa (e.g. etanol e biodiesel), hidrogênio e metanol, de forma sustentável, bem como captar, estocar e transportar energia solar.

A amplitude do desafio energético e ambiental atual e futuro não permitem o desenho de uma solução, mas requer várias soluções. No caso do Brasil combustíveis derivados de biomassa podem ser a alternativa mais viável atualmente e num futuro próximo.

Próximo Evento

26/02/2007 - 18:00 horas

Jailson Bittencourt (Instituto de Química/UFBa) – Fontes Alternativas de Energia: Seus Benefícios e seus Impactos.

Saturday, February 03, 2007


Resumo da apresentação do dia 12/02
“Por que comemorar o dia Darwin? A importância da teoria darwinista da evolução”

Por Charbel Niño El-Hani do Instituto de Biologia da UFBa


A busca pela construção de uma explicação naturalística do mundo ao nosso redor, bem como de nós mesmos, pode ser vista como uma das grandes aventuras do intelecto humano. O naturalista inglês Charles Robert Darwin, nascido em 12 de fevereiro de 1809 e falecido em 19 de abril de 1882, foi uma das figuras centrais na construção de tal explicação. Assim, nada mais justo do que comemorarmos no dia 12 de fevereiro de cada ano o Dia Darwin, como meio de homenagear este grande personagem na história do conhecimento humano.


A teoria darwinista da evolução tornou possível pela primeira vez explicar de maneira convincente a diversidade da vida e as adaptações dos organismos de uma perspectiva naturalista. Com esta realização, o darwinismo surgiu como um contraponto poderoso ao argumento do planejamento dos seres vivos por algum tipo de inteligência superior, mais notadamente, por alguma divindade. Este feito se mantém controverso até os nossos dias. Estas controvérsias seriam diminuídas, contudo, se em vez de engajar-se em combates entre distintas formas de compreender a realidade, os seres humanos reconhecessem e, inclusive, celebrassem a capacidade de nosso intelecto de conceber uma diversidade de explicações para o mundo ao nosso redor e para nossa própria existência. Entre estas explicações, certamente o darwinismo figura como uma grande realização, bem como a narrativa da história do mundo e de suas características desde uma perspectiva naturalista, falando em termos gerais.

Embora geralmente reduzida à seleção natural, a teoria darwinista da evolução inclui mais quatro outras idéias: a idéia de que a evolução ocorre; de que os seres vivos partilham ancestrais comuns; de que a variação dentro de uma espécie origina as diferenças entre espécies; e de que a evolução é gradual. É fundamental compreender este ponto, bem como a natureza do mecanismo de seleção natural, de maneira que dedicaremos a estes dois aspectos considerável atenção em nossa fala. A compreensão de que há várias idéias combinadas no darwinismo torna possível deixar de lado alguns equívocos que são recorrentes nos debates sobre a teoria evolutiva, como, por exemplo, o de que uma crítica a um determinado aspecto da teoria darwinista implica que esta tenha sido ou esteja em vias de ser abandonada pela comunidade científica. De fato, há notáveis debates na comunidade científica sobre a teoria darwinista da evolução, como, por exemplo, aqueles que dizem respeito à natureza gradual do processo evolutivo. Estes debates não implicam, contudo, que se esteja pondo em questão a idéia de que a evolução ocorre (virtualmente consensual entre os biólogos atuais), ou de que a seleção natural tem um papel importante neste processo (embora seja cada vez mais aceita a participação igualmente importante de outros mecanismos). Estes debates também não implicam que o caráter naturalista da explicação do processo evolutivo esteja sendo, ou deva ser, de algum modo deixado de lado pela comunidade científica. Para esclarecer estes pontos, buscaremos mostrar que o próprio darwinismo evoluiu ao longo do tempo, de modo que a teoria evolutiva aceita atualmente não é idêntica à teoria elaborada por Darwin. Este é outro equívoco recorrente nos debates sobre o darwinismo, assim como o de que, supostamente, a teoria darwinista nunca teria sido questionada pela comunidade científica. Ela foi e continua sendo ativamente questionada. Assim, daremos atenção também aos debates contemporâneos na biologia evolutiva, destacando avanços recentes na compreensão das relações entre desenvolvimento e evolução, e suas conseqüências para a questão do gradualismo do processo evolutivo.