Wednesday, May 19, 2010

Resumo Café - 28/05/2010

A ciência fala do real?

Charbel Niño El-Hani
(Instituto de Biologia, UFBA)

Partiremos da discussão dos modelos científicos como elementos centrais na construção do conhecimento que a ciência nos proporciona sobre o mundo. Distinguiremos modelos de escala, modelos analógicos, modelos matemáticos e modelos teóricos. Ao discutir modelos teóricos, nosso argumento se baseará na impossibilidade de os modelos maximizarem simultaneamente três características: generalidade, precisão e realismo. Mostraremos, então, que modelos nunca são a realidade, constituindo erro grave confundir um com o outro. Mais do que isso mostraremos que, de modo normativo, modelos devem ser distintos da realidade. De outro modo, não podem cumprir o papel que lhes cabe na ciência. Assim, contrariamente ao que muitas vezes se pensa, não é na preservação de toda informação sobre o real que está o poder dos modelos, mas, antes, na perda de informação orientada pela atenção seletiva que uma teoria científica nos fornece relativamente a variáveis relevantes e irrelevantes para a compreensão da situação modelada. À luz desse argumento, discutiremos o papel da abstração na construção de modelos, em particular, na obtenção de generalidade. Esta é uma característica das representações, incluindo os modelos, que não escapou ao escritor argentino Jorge Luís Borges, como podemos ver em seu “Del rigor de la ciencia”, onde ele descreve a vã busca de um mapa perfeito, destituído de utilidade (ver http://www.youtube.com/watch?v=zwDA3GmcwJU e http://www.youtube.com/watch?v=if0YH_PC02Y). Finalizaremos, então, com uma discussão sobre como podemos derivar, deste modo de compreender os modelos, uma conclusão mais geral sobre todo e qualquer conhecimento humano. Não temos como saber o que é o verdadeiro e o real, não importa de qual forma de conhecimento estejamos falando. Trataremos, então, de duas respostas a esta impossibilidade: de um lado, uma realista, na qual se busca formular uma noção consistente de verdade aproximada, entendida como uma correspondência entre a realidade e as entidades teóricas (inobserváveis) e empíricas (observáveis) de nossas teorias e modelos. De outro, uma anti-realista, que se restringe à possibilidade de uma correspondência entre as aparências da realidade, tal como presentes em nossa experiência (na forma de observações, medições, relatos experimentais), e as entidades empíricas de nossas teorias e modelos. Será importante discutir, então, qual o estatuto das entidades teóricas em tal visão anti-realista, em particular, a idéia de que elas são ficções úteis, às quais não é necessário adicionar qualquer hipótese de correspondência ao real.


Bibliografia

BLACK, Max. Models and Metaphors. Ithaca, NY: Cornell University Press, 1962.
BORGES, Jorge Luís. História Universal da Infâmia. Rio de Janeiro: Globo, 2001.
CHALMERS, Alan F. O que é Ciência Afinal? São Paulo: Brasiliense, 1995.
DUTRA, Luiz Henrique. Introdução à Teoria da Ciência (3a Ed.). Florianópolis: UFSC, 2009.
GODFREY-SMITH, Peter. Theory and Reality. Chicago: University of Chicago Press, 1993.
HACKING, Ian. Representing and Intervening. Cambridge: Cambridge University Press, 1983.
VAN FRAASSEN, Bas. A Imagem Científica. São Paulo: UNESP, 2007.

Tuesday, May 04, 2010

Resumo Café - 10/05/2010

Da intuição ao cálculo na ciência das construções

Mário Mendonça
(Escola Politécnica, UFBA)

Argumento relevante na história da ciência é o conhecimento de como os antigos enfrentavam o desafio de elevar construções gigantescas sem o apoio da moderna ciência das construções. Através desta exposição pretende-se demonstrar como, no passado a intuição muitas vezes preenchia a lacuna das elucubrações matemáticas e a ciência empírica experimental, desenvolvida pela prática da ars mecânica, alimentava o conhecimento dos limites do possível e da segurança dos edificados.

São discutidas as causas pelas quais o mundo medieval nos deixa reduzidas informações sobre os aspectos técnicos da edificação e de outros misteres exercidos pelos burgueses das comunas, procurando entender os segredos da scientia das corporações de ofício guardados ciosamente pelos mestres, companheiros e aprendizes a elas afiliados.

Mostra-se o primeiro passo dado por Galileu na procura de entender através de expressões matemáticas o comportamento dos fabricados e como este processo evoluiu durante os séculos que se sucederam. Destaca-se a grande contribuição da engenharia militar e das escolas militares que nos legaram figuras fundamentais para os estudos da teoria da elasticidade das estruturas até a sua articulação final no século XIX. Nesta trajetória é enfatizado o fato de que o empirismo e a intuição nunca abandonaram o desenvolvimento da ciência desde a grande contribuição metodológica cartesiana até os dias atuais.

Bibliografia

CROCI, Giorgio. Intuizione e calcolo nella progetazione delle strutture: Prevenzione dei dissesti e consolidamento. Milano: Hoepli, 1977.
CROCI, Giorgio. I dissesti ed i crolli nell’evoluzione delle costruzioni, della scienza e della tecnica: prevenzione e criteri d’íntervento. In: Corso di Informazione ASSIRCCO, 1., Perugia, 6-8 nov. 1979. Atti...: La conservazzione dei monumenti: metodogia di ricerca e tecniche di consolidamento contro il degrado. Roma: Kappa, 1981. p. 65-100.
HEYMAN, Jacques. La ciencia de las estructuras. Madrid: Instituto Juan de Herrera, 2001. Traducción de Gema M. Lopes Manzanares.
OLIVEIRA, Mário M. Reabilitação de estruturas antigas: uma visão histórica: In: Congresso Internacional sobre o Comportamento de estruturas Danificadas, jul. 3, 2002, Rio de Janeiro. Anais..., 2002. Rio de Janeiro: UFF, 2002. Registro digital.
SANTIAGO, Cybèle C.; MIRANDA, Murilo A. Caracterização de madeiras brasileiras: um estudo de caso do Século XVIII. In: ENCONTRO BRASILEIRO EM MADEIRAS E ESTRUTURAS DE MADEIRA, 6., 22-24 jul. p.77-89, 1998, Florianópolis. Anais... Florianópolis: UFSC, 1998. p. 77-89.
TIMOSHENKO, Stephen P. History of strength of materials. New York: Dover, 1983.

Saturday, May 01, 2010

Resumo Café - 19/04/2010

O Clima em Copenhague e depois
Maíra Azevêdo, Bióloga



Um panorama sobre as discussões, encaminhamentos e possibilidades que vão se desenhando a respeito dos efeitos da ação humana sobre o clima do planeta e os efeitos das alterações climáticas na vida humana. Os Fóruns Climáticos pontuam a construção de um caminho, mas a ausência de uma posição arrojada por parte dos governos não condiz com a urgência exigida pela situação. Como a sociedade civil vem se organizando para mostrar seu posicionamento e levar novas idéias aos tomadores de decisão do mundo.


SUGESTÕES DE LEITURA

1- Klimaforum Declaration, disponível em várias línguas em http://declaration.klimaforum.org/declaration?page=1
2- Política Nacional sobre Mudança do Clima, Lei 12.187 /29 de dezembro de 2009, em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12187.htm
3- Permaculture, From Disasters to solution – The greenest planet on the earth, proposta do Conselho Internacional de Permacultura para criação e gestão de um fundo direcionado ao reflorestamento respeitando os princípios da biodiversidade e segurança alimentar (levarei alguns exemplares p distribuir)
4- Manfrinato, Warwick, Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal no contexto da mitigação de mudanças climáticas, o código florestal o Protocolo de Quioto e o mecanismo de desenvolvimento limp / coordenação de Warwick Manfrinato, coautores Maria José Zakia ... et al. – Rio de Janeiro. The Nature Conservancy; Piracicaba: Plant Planejamento e Ambiente Ltda, 2005.Administrando a água como se fosse importante: gestão ambiental e sustentabilidade / Ladislau Dowbor, Renato Arnaldo Tagnin (organizadores) – São Paulo: Eitora SENAC São Paulo, 2005
5- Gonçalves, Carlos Walter Porto, O desafio Ambiental / Carlos Walter Porto Gonçalves, organizador Emir Sader – Rio de Janeiro: Record, 2004. – (Os porquês da desordem mundial. Mestres explicam a globalização)
6- Lynas, Mark, 1973- 1,996s. Seis Graus: o aquecimento global e o que você pode fazer para evitar uma catástrofe / Mark Lynnas, tradução Roberto Franco Valente; revisão técnica Mariana Viveiros – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008
7- Nova Lei das Águas do Estado da Bahia Lei 11.612/09
8- Mollinson Bill e Saly, Reny Mia, Introdução `a Permacultura, tradução de André Luis Jaeger Soares. Tagari Publications-Tyalgum-Australia
9- Série Soluções Sustentáveis: Permacultura Urbana, Uso da Água na Permacultura, Permacultura na Agricultura Familiar e
10- Livraria Tapioca: http://www.livrariatapioca.net/