Tuesday, July 16, 2013

Café Científico Salvador aborda o principal modo de vida das bactérias, os biofilmes, com implicações ambientais e médicas que a maioria das pessoas ainda desconhece!

Café Científico Salvador, 19 de Julho de 2013, 18:00

Local: Auditório da Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris), Rua General Labatut, 27, Barris, Salvador-BA.

Biofilmes bacterianos e sua importância médica e ambiental

Paula Ristow (Laboratório de Biologia Molecular Carmen Lemos, Instituto de Biologia/UFBA)

Os biofilmes são considerados o principal modo de vida de procariotos. Ou seja, bactérias vivem em comunidades multicelulares e não como organismos unicelulares de vida livre, como se acreditava anteriormente. Biofilmes são comunidades de microrganismos aderidos a superfícies bióticas ou abióticas, envoltos por uma matriz extracelular produzida pelos próprios microrganismos associados, que os protege de condições desfavoráveis no ambiente ou em hospedeiros. Ubíquos, os biofilmes ocorrem na naturalmente em rios, lagos, e nos ancestrais estromatólitos. Na indústria, principalmente de processamento de alimentos, representam impactos sanitários e econômicos, por desenvolverem-se em canalizações, onde há suporte e disponibilidade de água e nutrientes.

Na área médica, os biofilmes bacterianos estão associados a doenças infecciosas crônicas, sendo a colonização pulmonar por Pseudomonas aeruginosa na fibrose cística um clássico exemplo. Neste caso, a formação de biofilme está associada à maior resistência ao tratamento antibiótico e maior taxa de letalidade. Os biofilmes de Staphylococcus aureus e Escherichia coli estão implicados em doenças nosocomiais, colonizando feridas cirúrgicas e implantes médicos, como próteses, sondas e cateteres. Na colonização de reservatórios animais, o biofilme de Yersinia pestis em pulgas favorece a transmissão da peste bubônica aos hospedeiros. Estabelecemos previamente que Leptospira, a bactéria causadora da leptospirose, forma biofilmes. A leptospirose é uma zoonose endêmica no Brasil e estudos estão em andamento para compreender o papel do biofilme in vitro e in vivo no contexto desta doença.

PARA LER MAIS
Ristow, P. & Lilenbaum, W. 2010. Leptospirose: Atualização e perspectivas. Microbiologia em Foco 11: 17-27. Disponível gratuitamente em:
http://sbmicrobiologia.org.br/PDF/infoco11.pdf

Ristow, P.; Bourhy, P.; Kerneis, S.; Schmitt, C.; Prevost, M.-C.; Lilenbaum, W. & Picardeau, M. 2008. Biofilm formation by saprophytic and pathogenic leptospires. Microbiology 154: 1309-1317.
Disponível gratuitamente em:
http://mic.sgmjournals.org/content/154/5/1309.full.pdf+html