Tuesday, October 11, 2011

Café Científico - 14/10/2011, 18:00 

Local: LDM - Livraria Multicampi, na Rua Direita da Piedade, 20, Piedade 

Flora da Chapada Diamantina e sua Conservação 

Ana Maria Giulietti Harley & Raymond M. Harley 
(Programa de Pós-Graduação em Botânica/UEFS/ Royal Botanic Gardens, Kew)

A Chapada Diamantina é a porção norte da Cadeia do Espinhaço que se distribui por cerca de 1000km, em Minas Gerais (Serra do Espinhaço) e na Bahia. Representa o divisor de águas do rio São Francisco e vários rios tem aí suas nascentes. De modo geral são terras altas com embasamento proterozóico, com altitudes entre 900-2000m, circundadas por terras mais baixas, que abrigam formações de cerrado (especialmente em Minas Gerais) ou de caatingas (na Bahia). Nos topos das serras ocorrem as florestas montanas e os campos rupestres. Os campos rupestres apresentam grande número de espécies, mas são especialmente importantes pelo número de espécies e até gêneros com endemismo restrito. Também é o centro de diversidade de três famílias muito características as Velloziaceae (canela-de-ema), Eriocaulaceae (sempre-vivas) e Xyridaceae. As áreas de campos rupestres desde o início da colonização do Brasil, foram ligadas a exploração de ouro e outras pedras preciosas. Na Chapada Diamantina, enquanto a região mais ao Sul, especialmente em Rio de Contas, foi ligada ao ciclo do ouro, as regiões de Mucugê e Lençois foram ligadas ao ciclo do diamante, quase um século depois. Apesar da longa associação de utilização pelos habitantes da região, dos recursos minerais, animais e vegetais e da posição estratégica da Chapada Dimantina para a Bahia e o Nordeste, só recentemente está havendo maior preocupação com sua conservação e a sustentabilidade do uso da biodiversidade. Mesmo assim, são muitas as ameaças que ocorrem na região. Ligado a conservação in situ devem ser destacados o Parque Nacional da Chapada Diamantina e a APA do entorno, além da APA do Barbado e algumas unidades de conservação no município de Morro do Chapéu. Uma atividade que tem ajudado muito a divulgar e dar um melhor conhecimento das belezas da Chapada Diamantina é o turismo ecológico, mas que deve ser mantido em um nível que possa ser suportado pelas condições e características muito especiais da região. Maiores incentivos para as pesquisas multidisciplinares, ao uso sustentado e a conservação da biodiversidade e dos recursos hídricos e minerais são da maior importância, especialmente em um contexto de mudanças climáticas. Assim, nessa palestra, pretende-se apresentar as características especiais da região, sua flora, as principais ameaças e os desafios para a conservação e o manejo.

Referências
Funch, L. et al. 2004. Plantas úteis da Chapada Diamantina. Rima Edt.

Funch, R. 1999. A visitor’s guide to the Chapada Diamantina Mountains. Secretaria de Agricultura e Turismo da Bahia

Harley, R. & Giulietti, A.M. 2004. Flores nativas da Chapada Diamantina. Rima Edt.

Juncá, F. et al. (eds.) 2005. Biodiversidade e Conservação da Chapada Diamantina. MMA.

Stannard, B. (ed.) 1995. Flora of the Pico das Almas, Chapada Diamantina, Bahia. Royal Botanic Gardens Kew.

Revista Megadiversidade – vol. 4 números 1-2. 2008. Cadeia do Espinhaço: Avaliação do conhecimento científico e prioridades para conservação. Conservation International. (disponível on line)