Sunday, December 08, 2013

O CAFÉ CIENTÍFICO SE DEBRUÇA SOBRE OS TUPINAMBÁS, O PRIMEIRO POVO INDÍGENA QUE OS PORTUGUESES AQUI ENCONTRARAM

Café Científico Salvador, 13 de Dezembro de 2013, 18:00Local: Auditório da Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris), Rua General Labatut, 27, Barris, Salvador-BA.

OS TUPINAMBÁS: COMO VIVIAM E COMO VIVEM HOJE?
Maria Rosário Gonçalves de Carvalho (FFCH-UFBA)

O primeiro registro produzido sobre os Tupinambás ressaltou a sua feição – “pardos, maneira d´avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos” (Pero Vaz de Caminha. Carta a el-rei d. Manuel sobre o achamento do Brasil. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1974) e a nudez dos corpos. O relato do escrivão, preciso e circunstanciado, demonstra, contudo, que a nudez era quebrada pelos adornos labiais, denominados batoques ou tembetás.
De fato, as penas, para os Tupinambás, não apenas ornavam os corpos, mas constituíam signos denunciadores das posições sociais dos seus portadores e fonte de riqueza pessoal: “seus tesouros são penas. Quem as tem muitas, é rico e quem tem cristais para os lábios e faces, é dos mais ricos” (Hans Staden. Duas Viagens ao Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Editora da USP, 1974) 
            Florestan Fernandes, apoiado em grande número de fontes primárias, observa que, por ocasião do começo da colonização portuguesa na Bahia, os Tupinambás dominavam extensas áreas territoriais. Toda a zona costeira, do São Francisco até junto dos Ilhéus, estava sujeita ao domínio dos grupos locais Tupinambás.
As relações entre eles não eram “uniformemente amistosas”. Os moradores da região compreendida entre os rios Real e São Francisco eram inimigos dos que moravam “daí para baixo”. Na “Bahia”, os que moravam do lado da cidade eram inimigos dos que povoavam a zona contígua, delimitada pelo rio Paraguaçu, Sergipe, Ilha de Itaparica, rio Jaguaripe, Ilha Tinharé, e as costas dos Ilhéus De todo modo, Gabriel Soares de Souza assinala que as dissensões ocorreram antes da chegada dos colonizadores, que delas se beneficiariam.
            A sessão de 13 de dezembro de 2013 do Café Cientifico versará sobre os Tupinambás coloniais – conferindo atenção às suas relações domésticas; ao ideal masculino guerreiro; à posição social das mulheres; ao fundamento gerontocrático do sistema sociocultural; aos movimentos migratórios; e aos  rituais, entre outros aspectos -- e contemporâneos que, nos anos 1990, retomaram o seu etnônimo e passaram a reivindicar os direitos a que fazem jus.

Friday, December 06, 2013

O QUE AS AVES PODEM NOS DIZER SOBRE OS PROCESSOS EVOLUTIVOS NAS FLORESTAS SUL-AMERICANAS?

VENHA SABER NO CAFÉ CIENTÍFICO!


Café Científico Salvador, 21 de Novembro de 2013, 18:00
Local: Auditório da Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Biblioteca dos Barris), Rua General Labatut, 27, Barris, Salvador-BA.

PROCESSOS EVOLUTIVOS NAS FLORESTAS DA AMÉRICA DO SUL: O QUE AS AVES NOS CONTAM

Henrique Batalha Filho (Instituto de Biologia, UFBA)

A biogeografia é uma ciência que procura entender como os organismos estão distribuídos geograficamente, tanto no passado como no presente, e quais eventos ocorridos na Terra, tanto no passado quanto no presente, foram responsáveis pela distribuição que observamos atualmente. As florestas da Amazônia e da Mata Atlântica estão entre os ecossistemas com os maiores índices de biodiversidade do mundo, e estão separadas pela diagonal de áreas abertas da América do Sul, que é formada pelos biomas Chaco, Cerrado e Caatinga. Uma das questões que surge sobre a biogeografia histórica destas florestas é como e quando surgiu tamanha biodiversidade. Acredita-se que boa parte de sua diversificação teria ocorrido em um período bastante recente, o Quaternário, com destaque para o Pleistoceno (últimos 1,8 milhões de anos). Isso porque durante o Pleistoceno o planeta passou por muitos ciclos glaciais e interglaciais, durante os quais as geleiras continentais avançaram e recuaram, o que teria provocado fragmentação nas distribuições geográficas de uma série de organismos. Neste cenário as espécies teriam evoluído em Refúgios Florestais de matas úmidas. Entretanto, estudos recentes têm questionado esta hipótese, e fazendo com que outras teorias ganhassem destaque na evolução da biodiversidade das principais florestas da América do Sul, tais como o possível envolvimento de rios, de gradientes ecológicos e de eventos tectônicos. Nesta palestra serão abordadas as principais teorias sobre a diversificação das espécies da Amazônia e Mata Atlântica. Além disso, será mostrado como que estudos sobre a origem e evolução de Aves que vivem nestas florestas têm auxiliado na compreensão dos processos evolutivos que ocorreram nesses biomas.

Leituras sugeridas:
Batalha-Filho H. 2012. Padrões e processos de diversificação em aves da Amazônia e da Mata Atlântica. Tese de doutorado, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo. http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41131/tde-08032013-090338/pt-br.php
Batalha-Filho H., Miyaki C.Y. 2011. Filogeografia da Mata Atlântica. Revista da Biologia, v. 7, p. 31-34. http://www.ib.usp.br/revista/node/80
Bicudo F., Guimarães M. 2013. Voo direto. Revista Pesquisa Fapesp. Edição 210, p. 48-51. http://revistapesquisa.fapesp.br/2013/08/13/voo-direto/
Haffer J. 1992. Ciclos de tempo e indicadores de tempos na história da Amazônia. Estudos Avançados, 6: 7-39.
Haffer J., Prance G.T. 2002. Impulsos climáticos da evolução na Amazônia durante o Cenozóico: sobre a teoria dos Refúgios da diferenciação biótica. Estudos Avançados, 16: 175-206.
Haseyama K.L.F., Carvalho C.J.B. 2011. Padrões de distribuição da biodiversidade amazônica: um ponto de vista evolutivo. Revista da Biologia, v. 7, p. 35-40. http://www.ib.usp.br/revista/node/81