A mente está cada vez mais fora do corpo: sobre artefatos cognitivos e semióticos.
Por João Queiroz do Intituto de Biologia da UFBa.
O Café Científico é um local no qual qualquer pessoa pode discutir desenvolvimentos recentes das várias ciências e seus impactos sociais. Ele oferece uma oportunidade para que cientistas e o público em geral se encontrem face a face para discutir questões científicas, numa atmosfera agradável.
Café Científico Salvador comemora um ano
um ano contribuindo com a popularização da ciência na capital baiana
por Débora Alcântara
Na próxima segunda-feira (10), o Café Científico Salvador comemora o primeiro ano de existência. Desta vez, o médico e professor da Faculdade de Medicina da Ufba, Luiz Erlon Rodrigues, será o palestrante. Ele falará de verdades e mitos sobre o uso de vitaminas como drogas terapêuticas.
Desde setembro do ano passado, o evento vem contribuindo com a popularização da ciência, levando a um público heterogêneo, num clima descontraído, o que é tratado no espaço acadêmico. O evento é uma iniciativa do programa de Pós-graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências das Universidades Federal e Estadual da Bahia (Ufba e Uefs) e da Livraria Multicampi LDM.
O Café Científico Salvador faz parte do padrão Café Scientifique, uma rede mundial, que já conta com quase duas centenas de cafés espalhados pelo mundo. Surgido em 1998, em Leeds, Inglaterra, o evento tem o propósito de ofertar a diversos segmentos sociais a possibilidade de conhecer e discutir desenvolvimentos recentes das várias ciências e seus impactos na sociedade. Salvador é uma das quatro cidades brasileiras onde acontece uma forma de divulgação científica diferente dos padrões da academia. Além da capital baiana, o Café Científico também é praticado no Rio de Janeiro, Porto Alegre e, a partir deste mês, em Florianópolis.
“Temos tido o privilégio de ver nosso Café contribuir para uma visão socialmente mais compromissada da pesquisa que fazemos”, disse o coordenador do Café Científico Salvador, doutor em Educação pela USP e professor da Ufba, Charbel El-Hani. O evento, segundo o professor, consegue desfazer a imagem estereotipada do cientista como um ser distante da sociedade e até mesmo da realidade. “Acreditamos que nossa audiência tem tido a oportunidade de ver os cientistas como gente de carne e osso, e isso é essencial para uma imagem adequada da ciência”, ressaltou.
No evento, a regra para os cientistas palestrantes é falar de modo acessível à platéia, formada de estudantes de ensino médio a idosos e profissionais liberais. A experiência em Salvador vem se destacando pela participação interativa do público, de onde surgem diversos questionamentos e até mesmo provocações.
O dono da filial LDM em Salvador, Primo Maldonado destaca o caráter “proativo” do evento, que consegue congregar cientistas, clientes e escritores “num processo de desmistificação da ciência”. A cada edição do Café, um estande é montado para amostra de livros referentes ao tema tratado. Muitos dos títulos divulgados fazem parte da produção acadêmica baiana.
O Café Científico acontece sempre na segunda semana de cada mês, nas segundas-feiras, a partir das 18 horas, na sede da Livraria Multicampi LDM, Piedade, Centro. A participação no Café é inteiramente gratuita.
Salvador Ganha Café Científico
Salvador entrou desde o ano passado na rota do Café Científico, atividade de divulgação científica que ocorre em vários países, incluindo Japão, Argentina, Coréia do Sul, Estados Unidos, Inglaterra e Bangladesh. Criado em Leeds, na Inglaterra, em 1998, há atualmente cerca de 180 versões. No Brasil, além da capital baiana, o evento acontece no Rio de Janeiro e Porto Alegre. O Programa de Pós-graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências (Ufba/Uefs) e a LDM – Livraria Multicampi são os promotores do Café Científico em Salvador, uma vez por mês.
O Café Científico é uma oportunidade para que cientistas e o público em geral se encontrem para discutir questões científicas, num ambiente agradável e descontraído. No dia 12 de fevereiro, às 18h, aconteceu mais uma edição do evento, com o tema: “Por que comemorar o dia Darwin? A importância da teoria darwinista da evolução”. O palestrante foi o professor Charbel Niño El-Hani, do Instituto de Biologia/Ufba, coordenador do programa.
O evento é inteiramente gratuito e não necessita de inscrição. O local é a LDM – Livraria Multicampi, localizada na Rua Direita da Piedade, nº 20. “O envolvimento da LDM é muito importante, não apenas como espaço para os debates. É fundamental que essas discussões aconteçam fora da universidade, para aproximar mais a sociedade da ciência”, faz questão de frisar El-Hani. O Café Científico ocorre na segunda semana de cada mês, sempre às segundas-feiras. No primeiro encontro participaram 40 pessoas, público que foi se ampliando até chegar a 130 na última edição.
Em fevereiro, excepcionalmente, foram programados dois encontros. O segundo, dia 26, com o tema “Fontes Alternativas de Energia: Seus Benefícios e seus Impactos”, teve como palestrante o professor Jailson Bittencourt, do Instituto de Química da UFBA.
O primeiro Café Científico realizado em Salvador foi em setembro de 2006, com o professor Saulo Carneiro, do Instituto de Física da Universidade Federal da Bahia, abordando o tema “De onde viemos, para onde vamos? As velhas perguntas e os recentes avanços da cosmologia”. Entre os temas abordados nas demais sessões destaque para a Síndrome de Down e para o projeto Universidade Nova. Em maio o coordenador participará de um encontro dos cafés científicos de todos os países que aderiram ao programa, na Inglaterra, para analisar os eventos e identificar novas temáticas.
Resumo da apresentação do dia 26/02
“Fontes Alternativas de Energia: Seus Benefícios e seus Impactos”
Por Jailson Bittencourt do Instituto de Química da UFBa
Dentre os grandes desafios atuais e futuros da humanidade, Energia e Ambiente ocupam posições de destaque. Vários estudos recentes têm demonstrado que as questões energética e ambiental são os maiores desafios da humanidade na primeira metade do século XXI. O crescimento atual da demanda energética é significativo e não poderá ser suprido apenas pelas atuais fontes, em especial os combustíveis fosseis, ao passo que a queima de petróleo, carvão e gás natural tem contribuído fortemente para o crescimento das concentrações de dióxido de carbono na atmosfera refletindo de forma danosa no clima global do planeta. Ou seja, muitos dos problemas ambientais dependem diretamente da forma como a energia é produzida e/ou usada. Certamente, que outras questões relacionadas com água, alimentos e pobreza desafiam a humanidade e também estão relacionadas com Energia e Ambiente.
Nos próximos 50 anos as necessidades de energia atingirão cerca de 30 a 60 Terawatts e a sustentabilidade ambiental requer que as fontes sejam limpas e de baixo custo. Atualmente, os principais componentes da matriz energética são óleo, carvão e gás natural, que representam mais de 75% da matriz (Figura 1). Estimativas demonstram que em cinqüenta anos estes componentes representarão cerca de 30 % da matriz resultando na necessidade de incremento da produção de energia através de outras fontes, tais como: biomassa, fissão e fusão nuclear, hidroelétrica, geotérmica, eólica e, especialmente, solar.
Figura 1. Matriz energética em 2003.
No cenário energético atual um novo conceito emergiu: “segurança energética”, que significa muito mais do que proteger refinarias e oleodutos contra ataques terroristas, mas sim a capacidade de manter a máquina global funcionando, isto é, produzindo combustíveis e eletricidade suficientes, a preços acessíveis, para que todos os países possam, pelo menos, manter sua economia operando e o seu povo alimentado. No caso das economias emergentes como Brasil, Índia e China a demanda de energia está aumentando tão rápido que pode dobrar até 2020, o que coloca a questão energética e ambiental como uma questão global onde um dos principais desafios é produzir, estocar e transportar combustíveis derivados de biomassa (e.g. etanol e biodiesel), hidrogênio e metanol, de forma sustentável, bem como captar, estocar e transportar energia solar.
A amplitude do desafio energético e ambiental atual e futuro não permitem o desenho de uma solução, mas requer várias soluções. No caso do Brasil combustíveis derivados de biomassa podem ser a alternativa mais viável atualmente e num futuro próximo.